CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 28 DE MARÇO A 3 DE ABRIL DE 2013
ECONOMIA
P
G
4
MINERAÇÃO
Mesmo sem condições adequadas de exploração de minérios, o
Estado já se destaca pelo grande potencial ainda a ser
explorado.
Por: Mayla Miranda. Fotos: Divulgação e
Newton Nascimento
Mato Grosso
vale ouro
Mato Grosso
movimenta somente com
a exploração do ouro
em torno de R$1bilhão/
ano e poderia se
transformar num
recordista em produção
mineral do país se
explorasse toda a sua
potência. Mas sem
logística adequada e
incentivos, a produção
do Estado ainda
caminha a passos lentos,
EXPLORAÇÃO DE FERRO E FOSFATO FICOU NO SONHO
Cinco meses após assumir o Estado para concluir o mandato do ex-
governador Blairo Maggi (PR), o governador Silval Barbosa (PMDB), ex-
garimpeiro na região de Peixoto de Azevedo, anunciou com festa a descoberta
de uma mina de ferro e fosfato no município de Mirassol D’Oeste, região da
Grande Cáceres, na faixa de fronteira com a Bolívia. A descoberta mudaria a
economia mato-grossense. Pelo menos foi o que anunciou Silval empunhando
duas pedras de minério. Dois anos depois e nenhuma movimentação para dar
início à exploração da mina.
Um avanço obtido no
setor da mineração foi
conseguido através da
legalização da mineração
no norte do estado. A região
de Peixoto de Azevedo (691
km de Cuiabá), antes
conhecida pelos casos de
violência na guerra pelo
ouro, hoje trabalha com o
sistema de cooperativismo,
impedindo a ação dos
atravessadores na região.
Segundo o presidente
da Cooperativa dos
Garimpeiros, Marco Antônio
Reis, mais conhecido como
Brabinho, a cooperativa tem
3 mil associados, que juntos
produzem 200 kg de ouro
no verão.
“Hoje nós temos
orgulho de sermos
garimpeiros, porque temos
como trabalhar de forma
digna e dentro da lei. Mas
ainda é muito difícil trabalhar
Exploração do ouro e
profissionalização
na área por conta da falta
de incentivo, vontade do
Estado em ajudar o setor e
principalmente da falta de
logística”, ressalta o
representante da categoria
que ainda faz questão de
lembrar que hoje a falta de
condições impede o avanço
da exploração mineral: “Nós
estamos trabalhando com
1% da capacidade de
exploração que o estado
tem”. Já o presidente da
Metamat garante que a
cooperativa é assistida
diretamente pelo órgão.
“Nós implantamos na região
um projeto piloto de
exploração do ouro, que
toda a região vem pleitear
aqui na secretaria a
implantação, mas
infelizmente não temos
condições técnicas e
financeiras para a
implantação deste projeto”,
declara João Justino Paes.
Outro grande problema
na extração do ouro
destacado por Justino é o
mito que a população tem
de que a mineração do ouro
causa devastação na
natureza. “O impacto
ambiental da extração do
ouro é mínimo se
comparado a outras
atividades, mas todos acham
o contrário simplesmente
porque a aparência da mina
é feia. Só porque, no caso
do agronegócio, depois de
desmatada a região são
colocadas as plantações, e a
mina fica aberta e cheia de
buracos, todos acham que a
mina é mais prejudicial”,
sintetiza o gestor ainda
completando que todo o
projeto de mineração para
ser aprovado está ligado
diretamente ao plano de
recuperação de solo.
com apenas 1% do PIB
representado pelo setor.
Dentre as jazidas mais
promissoras estão as de
diamante, ouro, níquel,
zinco, água mineral,
manganês, ferro, cobre,
fósforo, calcário, mas
apenas as jazidas de
ouro, calcário, diamante
e água mineral estão em
produção, e bem abaixo
da sua capacidade.
O grande problema
na exploração de
minérios está na logística
operacional. Segundo o
superintendente do
Departamento Nacional
de Produção Mineral
(DNPM/MT), José da
Luz, mesmo que se
consiga explorar as
jazidas é financeiramente
inviável principalmente
por falta de condições
de transporte.
“A falta de
infraestrutura vai desde
estrada, energia elétrica
a escoamento.
Principalmente por conta
do sistema modal. Nós
precisaríamos de
ferrovias para conseguir
escoar esta produção.
Então basicamente o
Estado se apoia na
extração de ouro, que
possui um grande valor
agregado e pouco
volume de transporte”,
pontua José da Luz.
Para o presidente da
Metamat (Companhia
Mato-grossense de
Mineração), João Justino
Paes Barros, Mato
Grosso tem condições de
ficar entre os três
primeiros produtores de
minérios do país se
superados os gargalos
que impedem a
produção,
principalmente a
logística de transporte.
“Neste momento
temos que levar em
consideração que a
agroindústria não tem
mais para onde crescer,
ela está no seu limite
extremo, então a
mineração tem muito
que contribuir, mas em
virtude destes gargalos
de distância e falta de
logística tudo continua
parado no estado. E
temos que lembrar que
mesmo com as
dificuldades a mineração
tem crescido muito nestes
últimos 10 anos. O
estado já é o primeiro
em extração de cimento,
calcário, diamante e
quarto lugar em ouro”,
destaca o
superintendente.
MA R CO
R EGUL ATÓR IO
Outro entrave na
expansão da mineração
no estado está na falta
de alvará para a
exploração do solo.
Atualmente nenhum
alvará está sendo
expedido pelo
Departamento Nacional
de Produção Mineral e
não tem ainda uma data
para retomar esta
atividade. As centenas
de pedidos estão
paradas por conta da
definição do novo marco
regulatório da
mineração que definirá
novas regras no setor, já
que o código atual é da
década de 1960. Um
dos objetivos do governo
brasileiro com a nova
legislação é mudar o
critério de aquisição de
concessões minerárias,
com a criação de leilões
para áreas consideradas
estratégicas. A presidente
Dilma Rousseff teria
mandado suspender o
processo atual diante da
falta de critérios para
liberar concessões,
segundo fontes do setor.
Para o presidente da
Metamat este processo
deve ser definido ainda
neste ano, já que
importantes empresas do
setor acompanham de
perto as negociações.
“Nós estivemos em
Brasília no mês passado
em reunião com a
ministra da Casa Civil,
Gleisi Hoffmann, com o
ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão,
na qual eu participei
junto com o governador
Silval Barbosa e o
secretário Pedro Nadaf,
onde a gente cobrou
uma posição e uma
maior agilidade na
criação do marco
regulatório. E o
posicionamento que nós
tivemos é que ainda
neste ano todo o
processo estará pronto e
o marco regulatório em
vigor. Eu acredito que
tudo será resolvido
rapidamente, mesmo por
conta da pressão das
grandes empresas”,
comentou João Justino.
Mato Grosso ocupa o 4º lugar na mineração de ouro no país; produção pode dobrar
O presidente da DNPM, José da Luz, enfatiza a falta de
investimento na infraestrutura do Estado
Segundo o presidente da Metamat, João Justino Paes, o
Estado ainda pode liderar o setor
Após a criação da cooperativa, os trabalhadores da mineração saíram da marginalidade
1,2,3 5,6,7,8,9,10,11,12,13,14,...16