CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 21 A 27 DE MARÇO DE 2013
POLÍTICA
P
G
7
Desvios e propinas no MT Saúde
Cerca de R$20 milhões teriam sido descontados da folha de pagamento dos servidores, e desviados.
Por: Sandra Carvalho e Mayla Miranda. Fotos: Pedro Alves
ESCÂNDALO
O MT Saúde –
plano de saúde dos
servidores públicos
estaduais –, ou
MTPar, segue
envolvido em
denúncias de
corrupção e má
gestão. Procedimentos
inclusive de alta
complexidade estariam
sendo autorizados por
pessoas não
habilitadas, a exemplo
de técnicos de
informática e
auxiliares
administrativos, e as
cobranças
apresentadas pelos
prestadores de serviços
(hospitais, clínicas,
laboratórios) não
estariam sendo
auditadas. Meia dúzia
de auditores – cujos
nomes não
apareceriam na folha
de pagamento –
estariam apenas
cumprindo horário na
central do MT Saúde e
recebendo salários
não se sabe de qual
Denúncias começaram
com Yuri Bastos
O deputado
estadual Walter
Rabello acusa
indiretamente o ex-
secretário e atual
presidente da empresa
recém-criada MTPar,
César Zílio, de ser o
responsável por
afundar o plano de
saúde. “Vamos olhar
no retrovisor primeiro,
ver como e quem fez
este problema. Apesar
de já estar na cara o
responsável por tudo
isso”.
Ainda segundo
Gilmar Brunetto, as
denúncias de
irregularidades
começaram a surgir
durante a gestão do ex-
presidente do MT Saúde
Yuri Bastos, o mesmo que
realizou a terceirização do
plano. “Nós tivemos
informações de um
servidor do MT Saúde
que deve depor na CPI,
que diz que na gestão do
Yuri os funcionários
estavam percebendo que
havia irregularidades, e
estes mesmo funcionários
notificaram o presidente
com um relatório, e
surpreendentemente eles
foram rapidamente
removidos de seus cargos.
Quer uma prova maior
do que esta, de que as
irregularidades corriam
soltas no plano””,
questiona indignado.
Todo o dossiê montado
pelo Fórum Sindical será
mostrado na CPI do MT
Saúde na Assembleia
Legislativa do Estado na
próxima terça (26).
Walter Rabelo culpa
César Zílio
Enquanto esteve
afastado, o órgão
ficou nas mãos de
Gelson Esio Smorcinski,
mas Zílio, segundo o
deputado Walter
Rabello, é quem dava
as cartas. “O Gelson
(ex-presidente do
plano) nada mais era
que alguém que
cumpria as ordens do
César Zílio. Ele disse
aqui mesmo que só
fazia aquilo que o Zílio
mandava”, afirmou o
parlamentar.
Faiad abre MT Saúde
para Fórum Sindical
O secretário de
Estado de
Administração,
Francisco Faiad, vem
discutindo a
reestruturação do MT
Saúde com o Fórum
Sindical. ”Estamos
trabalhando com
afinco para resgatar o
MT Saúde. E nada
mais importante que a
participação do
servidor, porque é de
interesse do governo
reconstruir essa
credibilidade do plano
e fortalecê-lo cada vez
mais como instrumento
de valorização da
classe”, disse o
secretário.
Faiad determinou
ao presidente do MT
Saúde, Flávio
Alexandre Taques, que
encaminhe
periodicamente ao
Fórum Sindical todas
as ações de
atendimento diário e
também de
pagamentos efetuados
a hospitais, clínicas,
laboratórios e
médicos.
Faiad recebeu a
proposta do Fórum
Sindical para o
equilíbrio
orçamentário do MT
Saúde, que hoje
arrecada menos do
que gasta, o que
obriga o Estado a
ingressar com
recursos.
Pelo projeto, o
governo deve arcar
com cerca de 60% do
custeio, sendo assim
descontados apenas
40% do valor dos
servidores. Os
sindicalistas entendem
que o investimento
representa “projeto de
alcance social”.
Exemplo: um
funcionário com
idade entre 29 e 33
anos pagaria, no
plano básico,
R$75,02 e o Estado
entraria com
R$112,52.
fonte.
As falhas viriam
desde 2010. E
ganharam tamanha
proporção que o MT
Saúde teve de fechar
as portas, deixando 80
mil servidores e
familiares sem
assistência à saúde
apesar de terem pago
religiosamente as
contribuições. Cerca
de R$20 milhões
descontados da folha
de pagamento dos
servidores teriam sido
desviados. Sem
receber, médicos e
estabelecimentos de
saúde abandonaram o
MT Saúde, que acabou
caindo nas mãos de
uma empresa privada.
E mesmo sob
investigação de uma
CPI na Assembleia
Legislativa, falhas
graves continuariam
ocorrendo no MT
Saúde.
Um rabisco sobre
o carimbo do MT
Saúde. Isto é o que
basta para um servidor
público ter autorização
para uma simples
consulta ou uma
cirurgia complexa. O
que parece agilidade
para a vida do
servidor pode
representar
desde
falta de
organização
a rombo
nos cofres
do
governo e
inclusive
riscos
para o
próprio
usuário.
O
assessor
jurídico da Consultoria,
Administração e
Tecnologia em Saúde
Ltda (CRC), Alexandre
Fialdini, havia
afirmado à CPI do MT
Saúde que todos os
pagamentos do MT
Saúde eram auditados,
porém os técnicos da
CPI negaram a
informação. “Ele será
convocado novamente
porque mentiu.
Quando se fala à CPI,
a pessoa está sob
juramento e, por isso,
ele pode ser
processado por
perjúrio”,
afirma o
deputado
estadual
Walter
Rabello
(PSD),
presidente
da CPI
do MT
Saúde.
O
órgão
hoje é
presidido
por Flávio Alexandre
Taques. Procurando
pe l o
Ci r cu i t o Ma t o
Grosso
, Taques pediu
que a equipe
recorresse à assessoria
de imprensa da
Secretaria de Estado
de Administração que,
por sua vez, preferiu
não se manifestar no
momento.
As denúncias de
desmandos no MT
Saúde vêm desde o
governo Blairo Maggi.
“A atual gestão está
conseguindo reerguer o
plano”, defende Gilmar
Brunetto, membro do
Fórum Sindical. Ele tem
em mãos um
levantamento que
aponta diversas
irregularidades e que
teriam provocado a
falência do MT Saúde.
Dentre as principais
estão pagamentos
milionários realizados
em duplicidade, notas
fiscais alteradas e
redigidas a mão, e
valores de
procedimentos cirúrgicos
superfaturados.
De acordo com a
denúncia, três casos
principais que estão
anexados no
levantamento como
provas apresentam
documentos irregulares
e orçamentos com
valores muito acima do
mercado. Onde uma
cirurgia ortopédica
cobrada pelo MT
Saúde apresentava o
valor de R$47 mil, já
pelo plano de saúde
concorrente, o mesmo
procedimento foi
orçado em R$19 mil,
ou seja, uma diferença
de R$28 mil.
O mesmo
aconteceu com uma
cirurgia de bexiga
orçada pelo MT Saúde
por R$13 mil e que
custa apenas R$3 mil
em São Paulo. Mas em
procedimentos mais
caros os valores são
ainda mais
desproporcionais,
como em uma cirurgia
de coluna orçada pelo
MT Saúde em
R$135.380,00 que foi
orçada pelo plano de
saúde concorrente por
R$49 mil, e o mais
grave é que este
procedimento foi
descartado por outro
estado e o paciente se
recuperou sem operar.
Cerca de R$20
milhões
descontados da
folha de pagamento
dos servidores
teriam sido
desviados.
Problemas começaram a acontecer ainda em 2010 e levaram ao fechamento do MT Saúde
Qualquer funcionário estaria liberando procedimentos
Fórum Sindical aponta Yuri Bastos como um dos culpados
Deputado Walter Rabelo preside CPI do MT Saúde