CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 21 A 27 DE MARÇO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
O MILAGRE
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr.
João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João
Gordo, é um dos publicitários
mais premiados de Cuiabá
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
UMA NOVA VISÃODA COMUNIDADE GAY
Uma matéria no site UOL revelou
esta semana que a Assembleia Nacional
da França, o equivalente à Câmara dos
Deputados brasileira, aprovou
recentemente a lei que autoriza
homossexuais a casarem e adotarem
crianças mesmo diante de oposição da
Igreja Católica e de grupos conservadores
– falta o aval do Senado.
No Reino Unido, a Câmara dos
Comuns também deu sinal verde para a
união entre indivíduos do mesmo sexo e o
texto seguiu para a Câmara dos Lordes.
Em dezembro de 2012, a Câmara dos
Deputados do Uruguai, país de maioria
católica, também quebrou as barreiras
para o casamento homoafetivo. A
Argentina, outro reduto de cultura
machista e catolicismo arraigado, adotou
decisão semelhante à do vizinho em
2010.
A Holanda foi pioneira ao legalizar o
matrimônio gay em 2001 e, desde então,
foi seguida por países como Espanha,
Portugal, Bélgica, Suécia, Dinamarca e
África do Sul, que fica localizada numa
das regiões mais hostis a quem empunha
a bandeira com as cores do arco-íris.
Nos Estados Unidos, o casamento
entre pessoas de mesmo sexo é permitido
em nove estados, mas não em nível
federal. No final de 2012, esse tipo de
união foi validada nas urnas em
Washington, Maryland e Maine, um fato
inédito nos Estados Unidos.
Mas em outros cantos do mundo o
panorama está bem longe de ser um mar
de rosas. De acordo com relatório da
Associação Internacional de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo, a
ILGA, 78 países contam com leis que
teriam caráter homofóbico. Sem contar
aqueles onde a homossexualidade é
punida com a morte, caso de Arábia
Saudita, Iêmen, Irã, Mauritânia, Sudão,
além de regiões da Nigéria e da
Somália. No Brasil, a questão
homossexual caminha a passos lentos e a
prova disso é a “guerra”
declarada pela bancada
evangélica radical que
insiste em vetar tudo
relacionado à
comunidade
homossexual. Prova mais
recente disso é a eleição
do pastor e deputado
Marco Feliciano na
presidência da
Comissão de Direitos
Humanos e Minorias,
rechaçada em todo o
Brasil com inúmeras
manifestações e petições
contrárias, e ainda assim
o PSC faz vista grossa
como se nada estivesse
acontecendo.
Nunca fui religioso, mas rezei. Está
certo, mentia que ia à missa para poder
jogar bola, mas sempre acreditei que
Deus está em todo lugar, que Cristo pode
ser aquele mendigo da esquina, se existe
uma pedra, Ele está lá. Vi de longe uma
luz que me cegou. Sem querer, meio que
guiado por forças ocultas, meio sem
entender nada, como se tivesse acabado
de recuperar a consciência, me
encontrava diante da visão mais
iluminada da minha vida. Era o sinal.
Sentado num templo
suntuoso onde até o
maior dos ateus se
curvaria, ao meu lado
fiéis fervorosos
ajoelhados às lágrimas
agradecendo aos
deuses, quase que
numa crise de euforia
coletiva. Nesse
momento, descobri que
alguns anjos não têm
asas e, num balé
exuberante, voam
como dribles perante
nossos olhos. Mais na
extremidade do enorme
templo, percebi que
certos santos ainda
vivem, e operam
milagres, com a mesma
facilidade que Jesus multiplicou os pães.
Entendi que a fé desperta cânticos dignos
de uma ópera de Vivaldi. Os bispos,
caprichosamente vestidos de negro, que
ministram esta sinfonia, são idolatrados e
odiados num esplendoroso e simples
segundo.
– a Acorda, João! Acorda! Acorda! –
grita Flor me chacoalhando todo.
– Que foi, meu bem?... – falo ainda
meio aturdido pelo sono.
– Já são 13 e 30, o motorista acabou
de chegar.
– Poxa, tudo lindo, a cidade bem
arrumadinha, parecendo cidade de Copa
do Mundo, a gente no estádio assistindo
meu Operário numa final contra o
Flamengo. E no exato momento em que o
cara vai bater o pênalti, narrado numa
crônica à la Nelson Rodrigues, você me
chama?!
– Acorda, João! Acorda! Acorda!
.........................
Três minutos depois, Flor volta
abrindo a porta do banheiro do quarto
de casal.
– E, João, não esquece de levar pra
consertar o pneu que estourou naquele
buraco que nunca ninguém tampa.
– Putz (falo escovando os dentes...),
aquele buracão na frente da escola do
Joãozinho?
– Não...... aquele da frente da casa
da sua avó.
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