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CUIABÁ, 21 A 27 DE MARÇO DE 2013
Chapada não avança para a Copa
TURISMO
Há muito que se fazer para atrair turistas em um dos principais cartões-postais de MT.
Por Débora Siqueira. Fotos: Diego Frederíci
Falta água para banho e cozinha...
A pouco mais de um
ano para a Copa do
Mundo, Chapada dos
Guimarães quase nada
avançou para atrair mais
turistas. O Complexo da
Salgadeira, apesar de ser
no município de Cuiabá, é
a principal porta de
entrada para Chapada.
Fechado desde setembro
de 2010, até hoje não se
chegou a um consenso
sobre o que fazer com a
Salgadeira: se reabre
novamente para uso
gratuito da população ou
se o transforma num local
apenas de contemplação,
assim como o Mirante.
O Portão do Inferno,
onde antes havia uma
lanchonete, está cercado
de arame farpado. O
Circuito das Cachoeiras só
é realizado por meio de
pagamento de guias de
turismo, cujo valor varia
Muitas promessas e
nenhuma licitação
A chefe do Parque Nacional de
Chapada dos Guimarães, Cíntia
Brazão, disse que não estão previstas
novas trilhas dentro do Véu de Noiva,
mas, por meio de uma parceria com a
Secretaria Estadual de Turismo
(Sedtur), faz-se o investimento na
acessibilidade da trilha atual. A
entrada do Véu de Noiva também será
reformada e implantada a bilhetagem
eletrônica, mas ainda não há prazo
para as licitações. “A entrada para o
Circuito das Cachoeiras será
autoguiado, dispensando a presença
dos guias de turismo. O turista vai
pagar o bilhete e usufruir do local,
mas para isso é necessária a reforma
da entrada do Véu de Noiva”,
explicou.
Instituto alega falta
de segurança
O Instituto Chico Mendes
não tem nenhum projeto para
investimentos no Portão do
Inferno, por ser um local com
risco de desabamento. No
sábado (16), foi realizada uma
visita na Cidade de Pedra para
avaliar a possibilidade de
reabrir o local para visitação.
“A questão lá é segurança; há
risco de os turistas escorregarem
no local por ser muito liso e
ainda não se sabe o que é
melhor: se a instalação de
guarda-corpo ou de
sinalização”, disse Cíntia.
Governo ignora
turismo na região
O Governo do Estado, por meio
da Sedtur, repete o mesmo discurso de
anos atrás de investimentos milionários
em Chapada dos Guimarães, mas até
agora sequer se sabe o que fazer com
o Complexo da Salgadeira, tanto que
as licitações não começaram.
Conforme a secretária-adjunta de
Turismo, Natália Rosseto, a Sedtur
planeja investir R$10 milhões no
Parque Nacional de Chapada dos
Guimarães.
O investimento visa à recuperação
de pontos turísticos na região, com
vistas à atração de turistas durante a
Copa do Mundo de 2014.
Contemplação
e divulgação
A secretária municipal de Turismo de
Chapada dos Guimarães, Sônia Bezerra, diz
que há dois anos a cidade sofre com os
efeitos do fechamento do Complexo da
Salgadeira e defende a abertura do local
para a contemplação. “Não dá para fazer
um balneário no local. Antes tinha mais água
do que hoje, mas com a visita autoguiada no
Circuito das Cachoeiras e a reabertura da
Salgadeira, o fluxo de turistas deve crescer”.
Sônia diz que Chapada tem outras
cachoeiras como atrativo, a exemplo da
Martinha, a mais de 30 km da cidade,
Geladeira, Marimbondo, cachoeira da
Aldeia Velha e algumas na zona rural.
Contudo, a secretária admite a necessidade
de mais divulgação desses locais: “Nós temos
o produto, mas falta fortalecer, divulgar mais
essas informações”.
CAB DECEPCIONA
Ao invés de melhorar, abastecimento de água em Cuiabá piora e coloca consumidores em situação vexatória.
Por Débora Siqueira. Fotos: Pedro Alves
Lavar roupa, tomar
banho, limpar a casa e
preparar comida:
atividades corriqueiras
para muitos cuiabanos,
para outros se tornaram um
drama. O desempregado
Bartolo de Souza Pereira e
sua família estão
economizando até na
roupa para evitar ter de
lavá-las. “Tô usando roupa
suja mesmo. Se gasta o
pouco de água para isso,
pode fazer falta para usar
para tomar banho ou para
fazer comida”, explica.
Mesmo após 11 meses da
concessão em Cuiabá, o
serviço, ao invés de
melhorar, tem piorado com
os constantes
desabastecimentos na
cidade.
Morador da Rua 23
do bairro Jardim Vitória,
Bartolo Pereira diz que a
irregularidade no
abastecimento é comum
depois da concessão do
serviço de água e esgoto
para a CAB Ambiental.
“Antes a gente passava três
dias sem água, agora até
perde a conta”, reclama.
Apesar de ter solicitado
um caminhão-pipa para
1,5 mil litros, a
concessionária encaminhou
apenas mil litros. A caixa
d’água está em menos da
metade e já começa a
preocupar o morador que
pretende ir até a empresa
Conforme
informou a assessoria
de imprensa da CAB
Ambiental, o Jardim
Vitória tem um histórico
de abastecimento
intermitente e baixa
pressão na rede para
atender às áreas mais
altas. O fornecimento
de água é alternado e
o bairro recebe água
da ETA Ribeirão do
Lipa, que passa por
reforma de um dos
conjuntos de filtros.
O bairro será
contemplado, a partir
do segundo semestre
deste ano, com o
programa de
padronização que está
em curso na região
dos bairros Nova
Esperança (1, 2 e 3) e
Pascoal Ramos. O
programa de
padronização – que
insere o consumidor na
base e lhe dá
CAB deve regularizar
situação no segundo semestre
condições técnicas
ideais de consumo –
começou em junho do
ano passado.
A primeira grande
região (do Pedra 90)
já foi concluída. Só lá,
7,4 mil famílias foram
regularizadas e hoje
recebem água de
forma justa e com
qualidade. A
regularização das
ligações de água é um
dos passos
fundamentais para que
a concessionária possa
universalizar o
fornecimento de água
na cidade. A
padronização promove
o equilíbrio do
abastecimento à
medida que ligações
irregulares ou
clandestinas são
eliminadas, tornando o
sistema mais eficiente e
reduzindo as
intermitências.
para novamente cobrar o
abastecimento.
Uma das lideranças do
bairro, Benedito Arcanjo de
Faria, 58 anos, disse que
nos 25 anos em que mora
no bairro a situação está
cada vez mais crítica. O
filho dele, morador da Rua
25, está há quase 40 dias
sem água tratada e, como
alternativa, tem lavado a
roupa dele em casas de
parentes. “Na minha casa,
a água quase nunca subia
na caixa de cima e usamos
uma bomba, só que agora
nem na caixa de baixo está
chegando”, comenta
Benedito que reside na Rua
2.
Alguns moradores, sem
paciência de esperar a
chegada de caminhões-
pipa da CAB, tomam a
iniciativa de comprar água
por conta própria, embora
as contas estejam em dia.
“É o cúmulo do absurdo
você fazer a sua parte e
pagar por um serviço que
você nem sequer recebe em
casa”, reclamou João
Figueiredo, também
morador do Jardim Vitória.
A Câmara de
Vereadores de Cuiabá
resolveu discutir o problema
da falta de água com a
população por meio de
audiências públicas e
avaliar se os cuiabanos
apoiam o rompimento do
contrato entre a Prefeitura e
a CAB Ambiental. Na
terceira audiência pública
para avaliar o desempenho
da CAB Ambiental em
Cuiabá, realizada no dia
13 de março, cerca de 500
moradores do bairro
Jardim Vitória participaram
das discussões no centro
comunitário do bairro.
Conforme o vereador
Toninho de Souza (PSB),
que encabeça o movimento
pedindo a quebra de
contrato da Prefeitura de
Cuiabá com a
concessionária, a
população reclamou, além
da falta de água, da
ausência de rede de esgoto
e das contas abusivas.
“Mais do que revoltados
com a água que não
chega às casas, com o
abastecimento irregular
durante um, dois, ou três
dias, eles se revoltam é a
conta cara. Tem gente que
pagava R$40 e a tarifa
passou para R$250”,
explicou.
Ele disse que tanto na
audiência pública realizada
no Jardim Vitória quanto
nos bairros Jardim
Fortaleza e Bela Vista, o
vereador percebeu que a
população não está
preocupada se a concessão
está nas mãos da CAB
Ambiental, da Sanecap ou
de outra empresa privada,
mas com a qualidade do
serviço prestado, se a água
vai faltar ou não em casa.
“A população quer água
na torneira e uma conta
mais acessível”.
A última audiência
pública será na Câmara
Municipal no próximo dia
27. Desta vez, deve reunir a
direção da CAB Ambiental,
o Ministério Público
Estadual (MPE), a Prefeitura
de Cuiabá, a Agência
Municipal de Água e
Esgotamento Sanitário
(Amaes) e representantes da
sociedade organizada.
de acordo com o tamanho
do grupo de pessoas, e
deve ser agendado com
antecedência. A Cidade
de Pedra também é outro
local ainda interditado
pelo Instituto Chico
Mendes.
Claudemir Brigato,
agente de proteção do
Aeroporto Marechal
Rondon, tirou a manhã do
sábado (16) para levar os
parentes para conhecer a
Chapada. A primeira
decepção foi na
Salgadeira, pois o
máximo que eles puderam
fazer foi subir em bancos
de cimento e olhar por
cima dos tapumes de
zinco.
Em seguida foram ao
Portão do Inferno para
tirar fotos. Depois, Brigato
acompanhou o tio João
Bispo dos Santos e o
primo Wagner Carvalho
dos Santos até o Véu de
Noiva. Andaram 550
metros na trilha até a
cachoeira, subiram mais
alguns metros até o
restaurante. Ao
perceberem que havia
outra forma mais rápida
de sair do Véu de Noiva,
eles tentaram sair por
onde os veículos do
Instituto Chico Mendes
saíam, mas foram
avisados de que teriam
que retornar novamente
pela trilha.
“É um absurdo não
deixarem a gente entrar
com carro aqui. Os pontos
turísticos estão
interditados. Não estamos
preparados para receber
a Copa se as coisas
continuarem desse jeito”,
comentou Claudemir
Brigato. Os turistas João
Bispo e Wagner Santos,
moradores de Dourados
(MS), saíram um pouco
frustrados da visita. “Por
enquanto não tem muito
que se ver”, comentou
João.
O gerente do
restaurante Véu de Noiva,
Eduardo Aparecido, disse
que há muita coisa a
melhorar para aumentar a
visitação no local. A
primeira delas é fazer
novas trilhas mais
próximas da saída e
reabrir o Complexo da
Salgadeira ao público.
“Depois que a Salgadeira
fechou, o fluxo de pessoas
caiu em torno de 75%.
Também houve queda no
número de turistas com o
fechamento da Casa de
Pedra e a determinação
de regras para entrada no
Morro de São Jerônimo e
no Circuito das
Cachoeiras”.
Há quatro meses
trabalhando na
Cachoeira do
Marimbondo, José
Francisco da Silva França
avalia que o local ainda
não é muito frequentado.
Por final de semana,
apenas 50 a 60 pessoas
visitam o ponto turístico. É
cobrado R$6,00 para
entrar. “Precisa divulgar
mais o local e o governo
precisa investir. Aqui não
temos nem energia
elétrica. A nossa
geladeira é a gás para
disponibilizar bebidas
geladas aos turistas”.
Complexo da Salgadeira ainda permanece
fechado a 15 meses da Copa do Mundo
Bartolo de Souza Pereira mostra a conta
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