EDIÇÃO IMPRESSA - 481 - page 18

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 27 DE MARÇO A 2 DE ABRIL DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 6
CADEIRA DE BALANÇO
Por Carlinhos Alves Corrêa
Carlinhos é jornalista
e colunista social
GRANDES ESTÁDIOS, PEQUENAS BIBLIOTECAS, POVOMEDÍOCRE!
REFLEXOES
Por Marco Ramos
Marco é numerólogo, advogado e
troca de nome de acordo com a
energia do momento
AMIGODOPEITO
Antigamente podíamos bater
no peito e dizer: este é meu amigo!
Hoje, quando visamos uma
amizade saudável logo aparece o
interesse pessoal, esquecendo o
lado que se chama lealdade. Posso
afirmar que da minha juventude
conservo muitos amigos do peito,
alguns já se distanciaram para
outros planos espirituais, outros
envelheceram antes do tempo. A
velhice é hoje esquecida, tudo que
se faz tem em vista apenas os
jovens. Vejo nos jornais e na
televisão um coro de vozes
reclamando contra o abandono dos
velhos. É verdade, não são os
velhos somente os abandonados,
mas tudo hoje está em abandono. A
velhice, a infância, as escolas e o
que resta do seu ensino, os
hospitais, as elites e também a
ética, os costumes, os deveres, o
que é que não se acha em ruína
neste país? Com alguns amigos do
peito aprendemos: a vida é uma
escola, o mundo, uma grande sala
de aula onde aprendemos a fazer o
certo, e se aprende errado. E tenho
aprendido a me livrar de errar ou
enganar. Use esse aprendizado
somente para sua sobrevivência.
TANTASSAUDADES
Quando vejo a minha querida
Cuiabá nesses longos passos de
desenvolvimento, de crescimento,
esta Cidade Verde virou uma
grande metrópole. Esse
crescimento estrondoso de Cuiabá
me faz lembrar a poesia de
Carmindo de Campos que
homenageia Cuiabá: “Cuiabá,
minha velha e lendária cidade, você
está remoçando, está ficando mais
bonita, está ficando cada vez mais,
muito mais catita’’. Dia desses
passei pela rua do Sayonara do
Nazir Bucair, do Balneário Santa
Rosa do João Balão, me deu tanta
saudade, locais onde a cuiabanada
se reunia para ouvir uma boa
música e dançar ao som do sax do
Mestre China e sua orquestra, do
violão do Jacildo de Jesus, da
bateria ensurdecedora do Pepe,
irmãos da China, do violão do João
Feijão e de tantos outros. No
coreto do JardimAlencastro,
retretas nas quintas-feiras e, aos
domingos, as bandas da Polícia
Militar e do 16º BEC, hoje 44º
Batalhão, animavam os que ali iam
passear e bater aquele gostoso
papo cuiabano. Às 9 da noite a
banda se retirava ao som das
marchinhas e dobrados e as moças
todas iam atrás, como a desfilar de
volta para casa.Ahospitalidade do
cuiabano é o fator primordial de
uma boa impressão.
BECODOCANDIEIRO
Quem circula pelo Beco do
Candieiro não imagina a
importância dele, sendo ali a porta
de entrada de Cuiabá, onde
começou a população, ali que
começou o deslumbramento do
ouro no encontro do sopé da
Colina do Rosário. É uma pena
que esse local onde nasceu a
história de Cuiabá esteja
abandonado pelo descaso dos
nossos governantes. Nesse local,
poucas residências restam, com
funcionamento de bar e
restaurante apenas de fachada,
por dentro o prostíbulo corre
solto. Inúmeras fontes de águas
cristalinas e saborosas, surgidas
no sopé dos morros do Rosário e
da Prainha, deram impulso forte à
povoação, que crescia
desordenada em ruelas tortas e
estreitas, como aliás foram as
cidades surgidas emMinas Gerais
e Goiás, fundadas pelo fascínio do
ouro farto. Segundo a história
conta, na Rua do Candieiro
surgiram novos habitantes que
entraram pela Mandioca, pelas
imediações do Rosário, subiram o
vale formando a Rua de Baixo, a
Rua Torta, a Rua de Cima, a Rua
do Canto, a Rua Bela do Juiz, a
Rua Vila Maria, a Rua Nova. Um
passado cheio de fatos, casos,
registros, histórias que nunca
saíram da imaginação humana. No
que se refere à Rua do Candieiro,
hoje Beco do Candieiro, o nome
indica que já era luxo uma rua
iluminada.
Faltam pouco menos de
80 dias para a tão falada Copa
do Mundo! Mas e após o
grande circo, o que teremos?
Primeiramente, mesmo
aqueles que são contra a Copa
em si torceram por ela, pois
por este “gatilho” era a
esperança de ver a
infraestrutura do país avançar
e pelo menos estar mais à
altura do que somos
economicamente. O famoso
“legado” que estávamos
esperando ocorrer. Mas e
agora? Aonde no país todo
iremos ver obras inacabadas, e
pior, com mudanças de
governo estaduais, e pode
ocorrer até mesmo uma
surpresa, mudança na
Presidência, nada está
garantido, iremos ver mais ainda
obras paradas, pois quem vai
meter a mão nesta “cumbuca” e
desgastar sua gestão já no
começo? As cidades com menor
infraestrutura como Cuiabá
podem pagar um preço maior
ainda se estas obras pararem. Se
isso ocorrer, teremos de conviver
por décadas de estagnação até
que se desatem os nós. Se é que
consiga desatar. Pois esta é a
regra no país com relação a
obras públicas. Mas e o pós-
Copa como questionei acima?
Bom, o “day after” (o dia de
amanhã), este vai ser doloroso!
Poderemos nos orgulhar dos
grandes estádios? Lindos, não?
Mas sentiria maior orgulho se
tivéssemos grandes universidades
reconhecidas mundialmente.
Grandes museus! Grandes
bibliotecas! E uma população que
gastasse mais tempo lendo livros,
estudando, trabalhando, se
dedicando à filantropia,
praticando esportes e lazer e
ajudando realmente a melhorar o
país do que discutindo e
repassando obsessivamente as
fotos e os vídeos da “Peladona
do Vila Mix”. O nível cultural do
brasileiro está cada vez mais
baixo. Se é que há nível! As
redes sociais mostram realmente
o que somos, são reveladoras de
nosso caráter e comportamento
social. E com base nisso, dá até
asco de ver o que se propaga. O
pós-Copa vai nos fazer cair
diante de nossa realidade nua,
crua, suja e baixa. Culpa do
governo? Não! Culpa nossa que
não priorizamos o que realmente
é importante para nosso
crescimento e consequentemente
para o país. Estamos diante de
um mundo cada vez mais
complexo e competitivo. E o país
não acordou para isso. Coreia do
Sul, com seu foco na educação,
ultrapassou o Japão em 30 anos.
China, a nova potência mundial.
Tudo isso se faz com estudo,
cultura, investimento e
consciência do valor da
educação, que parte é do governo
e outra da população que deveria
buscar mas não o faz. Onde
estão nossas bibliotecas? Nossos
museus? Nossos centros
culturais? Nossas universidades e
escolas? No lixo! Majestosos
estádios, vergonhoso povo sem
educação!
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