EDIÇÃO IMPRESSA - 460 - page 6

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 3 A 9 DE OUTUBRO DE 2013
POLÊMICA
P
G
6
BARRANCO
Risco de deslizamento da encosta aumenta com as chuvas que têm caído sobre a Capital nos últimos dias.
Por: Rita Anibal. Fotos: Mary Juruna
Secopa não atende pedido do MPE
A apreensão dos
moradores do alto do
barranco em risco de
deslizamento, localizado
ao lado da obra da
Trincheira do Despraiado,
aumentou com a chuva
que caiu na Capital
durante esta semana. Em
que pese a evidência de
isto ser do conhecimento
da Secretaria
Extraordinária da Copa
2014 (Secopa) quanto à
gravidade da situação, o
único procedimento feito
foi a solicitação de um
relatório das Defesas Civil
Estadual e Municipal e que
não ficou pronto no dia 27
de setembro, conforme
previsto. A Secopa também
não havia fornecido ao
Ministério Público Estadual
(MPE) as informações
acerca da situação da
obra até o fechamento
desta edição. A
repercussão do possível
solapamento da encosta
pelas mídias não
sensibilizou a Secopa a
tomar nenhuma ação
concreta para amenizar os
riscos.
Na manhã desta
quarta-feira, 2 de outubro,
um operário de uma
empresa terceirizada que
estava no local
trabalhando não hesitou:
“Dona do céu! Aquele
muro vai cair se chover; tá
muito perigoso!”. O muro
a que se referia o operário
é o do quintal de uma das
casas que estão sob
ameaça constante de
desmoronamento. Ele
[muro] já sofreu um
deslocamento detectado
pela equipe do Conselho
Regional de Engenharia e
Agronomia (Crea) e por
docentes da Escola de
Engenharia Civil da
Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT).
Dois pontos delicados
aumentam os riscos no
local: um ipê-roxo que está
se sustentando na encosta
por apenas duas
ramificações, enquanto
que o restante da raiz está
todo exposto e a árvore
está bem próxima de uma
residência no alto do
morro. Outro é uma árvore
caída bem na beirada da
encosta que pode deslizar
a qualquer momento
provocando danos
irrecuperáveis. Ambos os
casos necessitam de
providências urgentes para
não despencar durante
uma chuva e causar uma
tragédia.
Em sua edição 458, o
Circuito Mato Grosso
deu início ao alerta de
possível solapamento da
encosta do Viaduto do
Despraiado, provocado
por um corte que deixou o
barranco muito íngreme. O
corte da encosta ficou
sujeito a desmoronamento
segundo os especialistas
que visitaram o local a
pedido do jornal: o Crea e
a UFMT.
Moradores
queixaram-se da falta de
comunicação e orientação
por parte do poder público
e, aproveitando a
reportagem,
encaminharam-se até a
Secopa cobrando posição.
Esse grupo de moradores
já havia protocolado
pedido de informações
junto ao Ministério Público
Estadual (MPE) e, na
Secopa, foram recebidos a
portas fechadas pelo
secretário de Infraestrutura,
Alysson Sander, que se
dispôs a encaminhar à
equipe técnica o pedido
dos moradores em
permanecer em suas casas,
fixando em 30 dias o
prazo para análise.
Como não ocorreu a
sustentação do barranco
com a construção de um
muro de arrimo, a Secopa
havia decidido pela
remoção dos moradores,
sendo que a Procuradoria
Geral do Estado (PGE)
havia solicitado
documentos e laudos para
a desapropriação.
Numa ação paliativa,
a Secopa estendeu a
solução para garantir
segurança aos moradores,
mas o secretário Alysson
Sander já havia
comunicado à reportagem
que a desapropriação
ocorreria e caso chegasse
o período da chuva e o
muro de sustentação não
estivesse pronto, a Secopa,
junto com a Secretaria do
Trabalho e Assistência
Social (Setas), se
encarregaria da remoção
das famílias.
POLÍCIA CIVIL
Corte do orçamento chega a 62%
Vários setores do governo estão caminhando para o sucateamento e a população sofre sem atendimento.
Por: Rita Anibal. Fotos: Mary Juruna
O governo Silval
Barbosa (PMDB) vem
cortando consideravelmente
os recursos destinados à
Polícia Civil, chegando a
atingir a marca de 62% num
serviço essencial. Em 2011,
o orçamento foi de R$ 24
milhões e o governo está
projetando para 2014, ano
da Copa do Mundo, um
total de R$ 9 milhões,
colocando a segurança do
mato-grossense em risco.
Com delegacias sem
estrutura básica, como
computador para lavrar
flagrantes, goteiras,
rachaduras, mofo, fiações
elétricas expostas, o setor
ainda sofre com a falta de
efetivos no tripé que sustenta
a Polícia Civil do Estado:
delegados, escrivães e
investigadores.
Anibal Marcondes
Fonseca, presidente do
Sindicato dos Investigadores
da Polícia Civil do Estado
(Siagespoc), reclama da
atual situação da classe pela
falta de recursos do governo.
Este ano o orçamento de R$
11 milhões já está todo
comprometido e isso reflete
no serviço das delegacias.
Além do ‘estouro’
orçamentário, “os contratos
não estão sendo renovados
provocando a diminuição do
número viaturas de todo o
estado e o serviço de
limpeza já foi reduzido à
metade. Há delegacia no
interior que não têm nem
computador; quem leva é o
delegado, o escrivão ou o
investigador”, reclama o
presidente.
O problema mais grave
atualmente por falta de
Outro suporte da
Polícia Civil de Mato
Grosso, a classe dos
escrivães, também está
sofrendo com o descaso
do Governo Silval
Barbosa. Genima
Evangelista, presidente do
Sindicato dos Escrivães de
Polícia Judiciária
(Sindepojuc), destaca a
falta de servidores, pois,
segundo uma lei de 2003,
o número de escrivães
para atender todo o
estado deveria ser de
1.200, mas a realidade é
caótica nos dias de hoje e
se tem apenas 617
efetivos, sem contar os
servidores que estão de
licença médica pela carga
excessiva de trabalho.
“Precisamos fazer os
flagrantes nos finais de
semana por não ter
pessoal e não ganhamos
a mais por esse trabalho. A
situação está tão
insuportável que não
queremos pagamento de
horas-extras, queremos
lazer!”, desabafou
Genima.
A presidente conta que
as delegacias de Mato
Grosso estão mal
estruturadas, beirando o
sucateamento:
“Recentemente, apenas o
interior sofria com a falta
de estrutura; hoje, está
generalizada”. E citou
Estado tem apenas metade
dos escrivães necessários
como exemplo o Centro
Integrado de Segurança e
Cidadania (Cisc) do bairro
Planalto, que foi objeto de
estudo pedido pelo sindicato.
Então, uma fisioterapeuta do
trabalho reprovou todos os
itens analisados como
essenciais para o exercício do
trabalho dos servidores.
Este estudo ocorreu
depois que a diretoria do
Cisc Planalto impediu
gravações durante a vistoria
do Sindepojuc devido às
péssimas condições em que
se encontra o centro, um local
completamente insalubre com
mofo, goteiras, fiações
expostas e sem comportar as
mínimas exigências para
abrigar presos.
Essa sobrecarga
acontece no estado inteiro
também pela falta de
delegados que atendem
duas ou três cidades e,
durante as ausências, são os
escrivães e investigadores que
comandam as delegacias,
atestou a presidente.
“Quando pedimos a
interferência do Ministério
Público pela falta de
delegados em uma
determinada cidade, ocorre
apenas um remanejamento
prejudicando outra
delegacia”, declara a
presidente.
Um problema que irá se
consolidar durante a Copa
do Mundo será o
remanejamento do efetivo do
interior para a capital,
deixando a descoberto a
população interiorana que já
sofre com o
desmantelamento da Polícia
Civil: “Vamos ter de pedir
para a bandidagem dar um
‘pause’ nesse período”,
ironizou Genima.
DELEGADOS - O
Circuito Mato Grosso
procurou o Sindicato dos
Delegados de Policia de
Mato Grosso (Sindepol) por
inúmeras vezes, mas não
obteve nenhum contato.
Segundo integrantes do
Sindepojuc, os delegados
não se manifestam por
temerem perder a verba
indenizatória de R$ 6 mil/mês
e por não quererem se
indispor com o governo.
verbas é o parco efetivo da
Polícia Civil que está com um
déficit de 2.700 profissionais.
Para Anibal, “o ideal para
atender a demanda de todo
o estado é um efetivo em
torno de 4600 servidores;
atualmente temos 1.700,
sem contar os que estão em
férias ou licenças-prêmio ou
médicas”.
O presidente toma
como exemplo a região do
Araguaia/Xingu, onde a
situação é de calamidade.
Em que pesem os conflitos
da área, há delegacias com
um ou no máximo dois
policiais: “É inadmissível, um
estado com proporções
continentais ter um efetivo tão
ínfimo”.
Anibal declara que o
cidadão de Mato Grosso
que paga imposto é vítima
duas vezes: uma, quando
sofre o delito; outra, quando
procura uma delegacia e
não tem atendimento
eficiente, pois não consegue
atender a demanda. Conta
o presidente que o foco da
sua classe é investigar crimes
e delitos, mas não tem
recursos, principalmente no
interior, e com isso está
ocorrendo desvio de função,
com o investigador cuidando
de preso e do prédio que
seria trabalho do agente
prisional. O líder dos
investigadores afirma: “Foi
liberado o edital para um
concurso para
preenchimento de 450
vagas, mas não foi
autorizado por falta de
verbas. No início do ano, o
governador Silval afirmou
que iria contratar, mas não
cumpriu a palavra até
agora”.
Pelos graves problemas
gerados aos cidadãos que
são mal atendidos pela
parca estrutura da Polícia
Civil, Anibal deixa uma
pergunta sem resposta:
“Como querem criar
delegacias especializadas
sem efetivo e sem
infraestrutura?”.
A p r e s i den t e do
S i nd i c a t o do s E s c r i v ã e s
r e l a t ou t oda a
c a l am i dad e qu e v i v em
a s d e l e ga c i a ss
E s c r i v ã e s e i n v e s t i gado r e s un i r am- s e
n v e s t i gad
pa r a ped i r me l ho r i a s ao gov e r no
Co r t e f e i t o de i xou o ba r r anco í ng r eme e s em s u s t en t ação
C i en t e da g r av i dade do po s s í v e l de s l i z amen t o da enco s t a , Secopa i n t e r d i t ou a t é c i r cu l ação de pede s t r e s na á r ea
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