EDIÇÃO IMPRESSA - 460 - page 18

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 3 A 9 DE OUTUBRO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 6
Info: (65) 3365-4789
CADEIRA DE BALANÇO
PPor Carlinhos Alves Corrêa
C
r
Carlinhos é jornalista
e colunista social
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
PPor Rosemar Coenga
o
LAMPEJOS DE MANOEL
ELEGÂNCIA ÍMPAR
A elegância ímpar da Miss Mato Grosso
2013, Jaqueline de Oliveira, deu ao estado
uma divulgação em diversas áreas,
principalmente nos quesitos cultura, beleza e
conhecimento. Desta vez a justiça foi feita, com
louvor. Como também os aplausos para o
competente jornalista social Warner Willon,
com todos os esforços, dificuldades de
patrocinadores, sei que a batalha não foi fácil.
A sua luta incansável trouxe o tão sonhado
título de Miss Brasil 2013 para Mato Grosso.
Warner Willon, a sua fortaleza é a virtude
moral que dá segurança nas dificuldades,
firmeza e constância na procura do bem. Mato
Grosso sempre fazendo bonito nos concursos
de beleza, a elegância da morena Jaqueline
de Oliveira me lembrou a de Marilena de
Oliveira Lima, Miss Mato Grosso 1965,
quando, no Maracanãzinho, o povo em pé
gritava: “Esta é nossa Miss Brasil!”. Por força
da injustiça, ela não trouxe o tão sonhado
título para Mato Grosso. No ritmo do ronca-
ronca da cuíca, a Miss Mato Grosso Jaqueline
de Oliveira jogou todos seus quesitos,
principalmente no bate-cabelo, me lembrou a
época da Miss Brasil Adalgisa Colombo.
Podem ter certeza: Jaqueline vai dar trabalho
no Miss Universo. Se tiver jogo de cintura,
pode dar o tão sonhado título para o Brasil.
INFERNO ASTRAL
Nunca o Estado de Mato Grosso
viveu tanto inferno astral como está
vivendo neste momento de dúvida,
desconfiança, falta de credibilidade,
lavagem de dinheiro. Não sei se é por
falta de Deus no coração ou
simplesmente de se realizar sonhos
afortunados, pensando que a terra jamais
jurou guardar segredos. A falta de
vergonha na cara de alguns, que não
estão nem aí pra paçoca, nos quatro
cantos da cidade os comentários
maldosos rolam soltos. A ganância e a
mesquinhez geram desequilíbrio. Segundo
alguns pais de santo e olhadeiras de
sorte, que residem nos bairros periféricos
da capital, as suas residências são
visitadas por homens engravatados. São
imperfeitos e limitados por natureza e, por
isso, tudo que fazemos pode trazer
sempre a marca da imperfeição. E bom
lembrar: com dinheiro podemos comprar
muitas coisas, porém não o que há nelas
de essencial para nós: proporcionarmos a
comida, mas não o apetite; remédios,
mas não a saúde; conhecidos, mas não
amigos; criados, mas não servidores
leais; dias alegres, mas não felicidade ou
paz.
CLUBE MINERVA
Lembremos que na Cuiabá de 1897
surgiu o Clube Minerva, tendo à frente,
como diretor-presidente, Virgílio de
Araújo. Pelo sistema do clube, era uma
sociedade mista lítero-musical, voltada
também para leitura e boa música da
época. Segundo fortes razões levam a
crer, tal sociedade era composta de uma
vasta juventude que vivia em pleno
Romantismo, um ambiente propício da
Cuiabá da época que oferecia ao seu
meio algo mais ou menos à semelhança
de São Paulo, por volta de 1830.
Cuiabá, sem iluminação pública, na sua
penumbra, também oferecia um aspecto
romântico, era um campo propício para
a boemia discreta de jovens talentosos. O
Clube Minerva marcou época na história
do Romantismo cuiabano.
EQUILÍBRIO DO PODER
Já dizia Generoso Ponce que as viradas
políticas devem ser evitadas como o diabo.
De acordo com os costumes da época, a
mudança da situação trazia como
conseqüência a imediata derrubada no
funcionalismo público; feliz quem alcançou
estabilidade na época. Nada mudou e
continua a mesmice, só que agora é o
DGA, os indicados na prova do governo,
tanto os de alto quanto os de baixo
escalão, caem fora. O antigo lema dos
romanos – ai dos vencidos – era aplicado
com implacável rudeza. Antigamente não
se concebia a mudança de partido sem
motivo justo: o “vira- casaca” era olhado
com desprezo. Hoje, eles trocam de sigla
como se fossem trocar de gravata, a
ideologia partidária passa longe. O
importante é estar em evidência ao lado de
quem estiver por cima. Faziam-se alianças
em busca de apoio nas funções desejadas,
algo parecido com o famoso “equilíbrio do
poder” que predominou nas antigas
monarquias europeias.
O poeta das coisas
desimportantes, ou simplesmente o
Cabeludinho, tem 97 anos e há mais
de 70 escreve poesia.No bauzinho da
infância de Manoel de Barros, o sol,
que tem um raio leve e macio, também
deve ter perfume. E caranguejos se
achantes andam de carruagem entre as
árvores e o vento, que conversam e
cantam.
Manoel de Barros é um poeta
modesto: “Não sou biografável. Ou,
talvez, seja. Em dez linhas. Nasci em
Cuiabá, 1916, dezembro. Me criei no
Pantanal de Corumbá. Só dei trabalho
e angústias pra meus pais. Morei de
mendigo e pária em todos os lugares
da Bolívia e do Peru. Morei nos lugares
mais decadentes por gosto de imitar os
lagartos e as pedras. Publiquei dez
livros até hoje. Não acredito em
nenhum. Me procurei a vida inteira e
não me achei – pelo que fui salvo. Sou
fazendeiro e criador de gado. Não fui
pra sarjeta porque herdei. Gosto de ler
e de ouvir música — especialmente
Brahms. Estou na categoria de sofrer
do moral, porque só faço poesia”.
A infância na poesia de Manoel de
Barros admite um caráter lúdico e
inovador. Em
Exercícios de ser criança
(1999), seu primeiro livro infantil/
juvenil, Barros retoma algumas
características recorrentes na sua obra
poética: as peraltagens, o ser-poeta,
conceitos poéticos sobre a matéria da
poesia, a atitude de recordar a
infância e a consciência do faz de
conta das brincadeiras.
Em
O fazedor de amanhecer
(2001) é o resultado da união de dois
artistas ‘’maluquinhos’’; o poeta
Manoel de Barros e o desenhista
Ziraldo. O autor conta como descobriu
o amor e revela seus últimos inventos,
entre eles ‘’uma manivela para pegar
no sono’’ e ‘’um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas’’.
Poeminhas pescados numa fala de
João
(2000) traz vários poemas de
Manoel, ilustrados por Ana Raquel.
Pescados – como o próprio título
explica – nos muitos livros de Manoel,
os versos ganham forma e cor no traço
da artista.
Poeminha pescados numa
fala de João
apresenta uma
oportunidade única de apresentar às
crianças a obra de um dos mais
importantes poetas da literatura
brasileira contemporânea
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