EDIÇÃO IMPRESSA - 460 - page 19

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 3 A 9 DE OUTUBRO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 7
PARALELO 15
Por Bolívar Figueiredo
BATER PALMA PRA MALUCO DANÇAR
BolívarFigueiredoé jornalistae
artistaplásticoformadoemBrasília,militante
verde e fundador nacional do PV,
sagitariano, calango do cerrado e
assuntadordefatosevarredordepalavras.
RUSH: NO LIMITE DA EMOÇÃO
Seria engraçado se
não fosse trágico. O
quadro político-social e
autárquico brasileiro
reforça a tese de que aqui
as piadas já nascem
prontas. Prato cheio para
meu amigo Zé Simão e
suas macaquices. Algumas
beiram o abismo do
surrealismo – movimento
parido entre duas guerras
e influenciado pelas
teorias psicanalíticas de
Sigmund Freud. A peça
teatral considerada a
precursora do surrealismo,
“As Mamas de Tírésias”,
em Mato Grosso ou no
Brasil, poderia ser
traduzida para “As Tetas
do Poder”.
Vamos sentar no
banco da praça, que era
nossa e foi desapropriada
pela Secopa, e rir um
pouco de nossa tragédia
surreal do dia a dia.
“Um escândalo maior
que o mensalão”, afirmou
o delegado Carlos
Fernando da Cunha
Costa, da Delegacia
Especializada de Crimes
Contra a Fazenda Pública
(Defaz), ao comentar o
rombo de R$ 493,9
milhões nos cofres
públicos de Mato Grosso,
apurado na Operação
Cartas Marcadas.
Nesta última
convocação para
fortalecer o time de
futebol do Carumbé,
foram indiciadas pela
Polícia Civil 20 pessoas
acusadas de envolvimento
no esquema de fraudes na
emissão de cartas de
crédito a Agentes da
Administração Fazendária
(AAF) da Secretaria de
Estado de Fazenda
(Sefaz), entre elas dois ex-
secretários, Eder Moraes e
Edmilson dos Santos, um
suplente de deputado
estadual (Gilmar Fabris) e
procuradores do Estado
João Virgilio do
Nascimento Filho,
Dorgival Veras de
Carvalho e Nelson Pereira
dos Santos (que
supostamente já tinha visto
este filme de terror).
“Determinadas
pessoas chegaram a ter
seis veículos de luxo, que
custavam em torno de R$
300 mil cada. Também
compraram imóveis de
luxo, em praias como
Jurerê Internacional”,
detonou o delegado
Roger Elizandro Jarbas,
também da Defaz. Será
que, inconscientemente, os
carros e o local escolhido
para lavar o dinheiro
constituem a rota de fuga?
Aliás, Jurerê internacional
se tornou o esconderijo
predileto dos convocados
pela Interpol, e isto faz
anos. Que falta de
criatividade: Jurerê tá
manjado faz tempo!
“Houve a construção
de um grupo criminoso
envolvendo várias
autoridades,
representantes do
Legislativo estadual e altas
autoridades do Executivo
estadual, que possibilitou
a emissão de certidões de
crédito com sobrevalor, ou
seja, com valores muito
acima do que os direitos
que os agentes teriam”,
concluiu o delegado Roy
Roges.
Sobre este fato,
algumas frases me
passaram pela cachola:
“Aqui Sefaz aqui se
paga... “As receitas
indicadas pela Sefaz são:
bolo furtadinho ou
escondidinho de dindim.
Parabéns à polícia pela
coragem e pelo dever
realizado, esperamos
apenas que o “escândalo
da Sefaz” não acabe em
pizza, sabor máfia
calabresa.
E por falar em máfia,
o condenado Zé Dirceu
afirmou que vai recorrer
às cortes internacionais
para provar sua inocência.
É de f...! O cara chefia o
mensalão, desvia dinheiro
público, corrompe, monta
um timeco de corruptos e
quer recorrer à corte de
Haia, à corte da OEA, à
corte de Luiz XV, pedir
bênção ao papa Chico...
Zé, será que alguma coisa
que você fumou em
Ibiúna,na década de 70,
só tá fazendo efeito
agora? Se manca, zé
mané. Continuemos pelo
surrealismo, o motosserra
de ouro, ex-governador
de Mato Grosso e atual
senador da soja, Blairo
Maggi, é o presidente da
Comissão de Meio
Ambiente (kkkkk), e
segundo um dropes da
revista
Isto É
, ele articula
para ser o relator da
matéria que pede a
reabertura da polêmica
estrada que corta o
Parque Nacional do
Iguaçu (fechada há
décadas) que constitui a
segunda localidade mais
visitada por turistas. E é
bom lembrar: se a
estrada for reaberta, a
ONU poderá cancelar o
título do Parque do Iguaçu
de Patrimônio da
Humanidade. Santa
ecologia, Batman! Alguém
tem dúvida do voto
instantâneo de Maggi? Ei:
a coisa aqui é tão surreal
que até loira dá golpe em
prefeitos e deputados,
estão chamando de golpe
da raspadinha das
pastinhas... Ah, e tem a
última: “Eu já sabia”,
comentou Obama espião
sobre a eleição da mato-
grossense Jakeline
Oliveira, a Miss Brasil
2013. Depois dessa,
Saravá, amém, até o
escândalo que vem...
Caio Porto Moussalem é
cinéfilo profissional... e sociólogo
nas horas vagas.
ARTE NÚMERO 7
Por Caio Porto Moussalem
Rush: No Limite da
Emoção
é o último filme
do diretor americano Ron
Howard, que repete a
parceria bem-sucedida no
filme ‘
Frost/
Nixon’ (2008)
com o roteirista Peter
Morgan. O talento dessa
dupla é uma das razões
de
Rush
dar certo. Essa é
a épica história de uma
das maiores rivalidades
da Fórmula 1: o duelo do
playboy e fanfarrão
James Hunt (Chris
Hemsworth) com o
brilhante e calculista Niki
Lauda (Daniel Brühl).
O filme acerta em
cheio ao escolher dar
ênfase não na corrida de
carros mas no
relacionamento dos
personagens. Mesmo
assim, existem cenas
suficientes para deixar
qualquer amante de F-1
grudado na poltrona: a
adrenalina de uma
largada; o barulho
ensurdecedor dos
motores; acidentes
espetaculares; o ponto de
vista dos pilotos... está
tudo lá... em um formato
simplesmente viciante.
Mas como não
poderia deixar de ser... o
ponto alto desse excelente
filme é o trabalho de um
ator estupendo: Daniel
Brühl, que desde o
fabuloso
‘Adeus Lenin’
vem se transformando em
um dos maiores atores de
sua geração. Filho de um
brasileiro de
descendência alemã com
uma professora
espanhola, Brühl é global
em todos os sentidos.
Fluente em inglês,
espanhol, alemão e
francês, ele é disputado
por produções de diversos
países.
Mas é a sua atuação
em
Rush –
em minha
humilde opinião – o seu
maior feito até o
momento. A enorme
dedicação de Brühl
transparece em cada
cena... e a precisão do
seu Nikki Lauda é
tamanha que quase
incomoda, mas sem a
menor sombra de dúvida,
vale por si só o
investimento no ingresso!
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