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CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 24 A 30 DE ABRIL DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 6
www.circuitomt.com.br
GENTE DO PANTANAL
CADEIRA DE BALANÇO
Por Carlinhos Alves Corrêa
Carlinhos é jornalista
e colunista social
cultura@circuitomt.com.br
NOVOS TEMPOS
Me dá saudade de quando se falava
em “Páscoa do Senhor”, parecia que
renascia um eu espiritual dentro das
pessoas, em que o respei to, o
sentimento, a reflexão e a educação
caminhavam juntos. Novos tempos, no
dia da Páscoa, a frieza do ser humano
é tamanha que nem se sabe se o verbo
ressusci tou da carne, apresentou-se
ante os olhos dos discípulos, permitiu
que fosse tocada por suas mãos.
Cuiabá, uma capital de tradições
religiosas, aos poucos vem perdendo
essa essência de dizer “Feliz Páscoa”,
a reflexão passou longe, presentes na
vida humana estão só a comilança, o
desejo de consumir os ovos de
Páscoa, e esquecendo de colocarmos a
nossa vida nas mãos do crucificado. A
boa educação e o respeito ao maior
homem do mundo chamado Jesus
tocaram nos corações do deputado
Emanuel Pinheiro, do prof. Wilson
Santos e do Dr. Francisco Faiad, em
ligar a este jornalista desejando o
avanço no caminho da Páscoa. Nesses
novos tempos o homem se esqueceu
de Deus, visa ao enriquecimento, ao
apego aos bens materiais, enquanto a
caridade ocul ta não é prat icada, e se
esquece que a felicidade se compõe de
muitos pedacinhos. A felicidade é
como o sol . Entretanto, até mesmo no
próprio sol há manchas.
LAVADEIRAS CUIABANAS
Antigamente em Cuiabá havia
grupos de lavadeiras que sobreviviam
de lavagens de roupas, principalmente
de famílias abastadas. As roupas por
elas lavadas eram engomadas, passadas
no ferro de brasa, que pareciam vindas
de uma lavanderia. No fim da Rua
Corumbá havia três poços, eram
localizados no Tibério no bairro Baú, as
lavadeiras como Nhá Nenê, Maria de
Benta, Nhá Rosa, D. Teodora, entre
outras, lavavam as roupas dos grã-
finos com o maior cuidado, os papos
surrados eram dos melhores na
linguagem das lavadeiras. Já a famosa
Maria Taquara lavava roupas só da grã-
finagem urbana e de nomes e
sobrenomes da região central. No
bairro do Araés, onde havia três poços
de água potável, só de um se bebia e os
outros dois ficavam para as lavagens
de roupas. Nas imediações da Escola
Presidente Médici, hoje Avenida Mato
Grosso, entre as avenidas Marechal
Deodoro e Rubens de Mendonça,
também se formava um amontoado de
lavadeiras e carregadores e
carregadoras de água. O famoso Zé
Bolo Flor fazia esse trabalho de
carregador de água para o seu
sustento, e fornecia água potável para
os cabarés instalados no Baú Sereno.
PAPOS DE LAVADEIRAS
Até onde é a Avenida Mato Grosso,
antigamente neste local onde está a
Escola Presidente Médici havia um
matagal cercado de mangueiras,
cajueiros, goiabeiras, ingás, marmelada
bola e espinha. Tinha o apelido de
Quintal Grande, tinha como destaque as
lavadeiras que falavam muito durante
as lavagens das roupas. Já no bairro da
Lixeira, havia um reduto de poços onde
muitas lavadeiras trabalhavam na
lavagem e passando roupa a ferro para
o sustento familiar. Nos faz lembrar
das famosas lavadeiras como:
Marcianinha, Elvira, Paulina, Pedrosa,
todas já falecidas. D. Bartolina era um
exemplo de lavadeira, lavava, engomava
a roupa do ex-prefeito Manuel Miraglia
e contava para as outras que eles eram
grã-finos e usavam perfume francês.
Uma roupa cheirosa e bem passada
como D. Chaninha e de D. Jujá, que
passava a ferro de modo impecável,
que nunca vi igual.
Quando reuniam uma revoada de
lavadeiras, surravam os comentários
maldosos de alguns clientes,
principalmente quando se tratava de
homens públicos. Segundo as
lavadeiras, o terno de linho SS-120 era
muito bem engomado nas camas das
prostitutas, deitando e rolando pra lá e
pra cá. O terno amassado estava na
moda, dava status. Papos de lavadeiras.
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clóvis Mattos
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
cultura@circuitomt.com.br
Assim é Ana Maria Delgado
A mão pede licença
a caneta pede atenção
para marcar presença
dentro do seu coração
Quem ler este livro
leia tudo rimado
prepare para risadas
com quem estiver ao lado...
Leia com vontade
repita se quiser
mas não deixe esquecido
o coração desta mulher...
Todos estão curiosos
para saber quem sou
venho do Pantanal
mostrar o que lá ficou...
Com versos e poesias
falo de Porto de Fora
lugar privilegiado
onde o sabiá mora...
Com versos e poesias
falo de pessoas e lugares
falo de frutos e pomares...
Ana Maria é o meu nome
Delgado é o sobrenome.
Lutei sofrendo
mas nunca passei fome...
Nesta batalha da vida
quatro filhos conquistei.
Na minha vontade de viver
com sacrifícios os criei...
Simples. Suave. Assim é a forma literária
escolhida pela autora para falar sobre o
modo de vida singelo e alegre do povo
pantaneiro e da Baixada Cuiabana. O
livro é uma verdadeira viagem. É
exatamente a essência, a alma do lugar e
das pessoas, que seria sentida por um
turista que visitasse a região.
Enaltece e faz homenagens a
personalidades locais do presente e do
passado, desde seus habitantes
“anônimos” até o lendário Rondon.
Fala sobre a beleza da fauna e da flora
pantaneiras, sua cultura, suas danças,
sua culinária e sua religiosidade. Ressalta
sua preocupação em preservar tais
riquezas naturais e culturais.
Autora: Ana Maria Delgado
Primeira Edição: 2014
Editora: Carlini & Caniato
Poesia.