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A INFÂNCIA HOJE

Ha uns dias, o Circuito Mato Grosso levou uma criançada para o Palácio da Instrução, mais especificamente ao Pavilhão das Artes. Ali bati um papo com eles sobre como lidar com uma galeria de arte. Depois seguimos para um tour. Começo pelo titulo da exposição PANORAMA DAS ARTES PLÁSTICAS EM MATO GROSSO: POPULARES MODERNOS. E o que é Artes plásticas? Populares? Modernos? Vamos entrar na primeira sala, observem as pinturas. O que é cartela de cores? O nome do artista e o nome da obra? Assim os artistas Alcides Pereira dos Santos, Antonio Pereira da Silva ( Sitó), Clínio de Moura, Paulo Pereira da Silva, Oswaldina dos Santos, Paulo Pires, Roberto de Almeida, Eugenia Vieira e Lupércio dos Anjos foram apresentados ao futuro. Um tour de criatividade, um passeio pelo museu como inspiração para combate. Assim expliquei como ver as pinturas, os desenhos e as esculturas. Nunca toquem nas obras. E

UM ESPELHO

PARA CRIANÇAS

*Em nome do CULTURA EM CIRCUITO agradeço a toda a equipe do Pavilhão das Artes que nos recebeu, especificamente a produtora executiva Luiza Ribeiro. Muitíssimo obrigado.

“ Ver precede as palavras. A criança olha e reconhece antes mesmo de poder falar. Mas existe ainda outro sentido no qual ver precede as palavras: o ato de ver que estabelece nosso lugar no mundo circundante...”

( MODOS DE VER- JOHN BERGER- ARTE MÍDIA – ROCCO)

perguntava qual a cor do pedestal. O que é uma obra de arte mista? Para confrontar uma cultura doentiamente violenta e moldada em consumismo é preciso ter a coragem de levar a garotada para estes passeios. Nesta semana em que comemoramos a infância, preparamos nossos irmãozinhos para admirarem outras culturas, mudarem o foco e se aprimorarem como parte de um mundo inventivamente mais desapegado de tantos equívocos culturais propagados ancestralmente com a desculpa de tradições, conquistas de carreira e orgulho de família. A exposição segue até dia 30 de novembro gratuitamente ali no centro de Cuiabá, bem ao lado da catedral. A Curadoria é de Gervane de Paula e Lúcia Moreira de Almeida. Deixe seu filho andar mas, faça perguntas. Mostre e brinque. Leve papel e lápis colorido. No final peça um desenho de uma obra preferida. Um pequeno reflexo como incentivo. Veja no encarte CIRCUITINHO desta semana mais imagens sobre o tour e o que as crianças elaboraram. Ali também coloco umas sugestões no GARIMPINHO CULTURAL. Por Luiz Marchetti. Fotos: Mary Juruna

O pequeno Gabriel se viu diante de um desafio: desenhar o mapa das Américas bem no meio do mapa mundi. Estava participando de um concurso para eleger o melhor desenho do seu colégio.

Foi então que Gabriel, na simplicidade de seu ato criativo, olhou para mancha de nascença, localizada no seu antebraço direito, e copiou o seu formato. Foi bem simples assim a solução do menino vencedor do concurso. Hoje rendo as minhas homenagens a Gabriel pela genialidade do seu ato criativo.

Cenas de crianças como essa são convites para pensar! A questão que se coloca é: Afinal o que se entende por infância?

Há quem afirme: Infância ... um outro mundo! Por muito tempo acreditamos que infância – infans – remetia a imagem de um ser que não fala, alguém incompleto, definido mais pelo que não é e deveria ser do que por suas peculiaridades atuais.

A essa representação juntou-se a imagem da criança que precisa ser modelada pelo adulto, este sim, ser humano perfeito. Essa significação ainda impera na maioria das relações estabelecidas entre crianças e adultos no ambiente familiar, escolar e mesmo na esfera pública, justificando, inclusive, práticas de violência física e simbólica. No entanto, os grandes debates, como os relacionados aos direitos humanos, inspiram a emergência de novos modos de representar a infância.

Atualmente os pesquisadores que se dedicam ao estudo sobre infância defendem a ideia desta como sendo aquilo que os adultos pensam a respeito das crianças, sendo elas, as crianças, seres de pouca idade que se definem pela pluralidade – crianças.

A expressão crianças como seres plurais leva em consideração as condições psicossociais que envolvem os pequenos como gênero, classe social, etnia, orientação religiosa, por exemplo. Esses pesquisadores, na maioria

sociólogos, antropólogos e psicólogos inauguraram nova forma de se compreender as crianças, anunciando-as como seres da cultura e de direito.

Esta representação inspira-se em nós para se referir à infância como presença, afirmação e força derivada da novidade, inovação, revolução.

Assim, hoje consideramos as narrativas infantis formas válidas de se pensar a realidade, muitas das vezes representando uma releitura das interpretações dos adultos. Não se trata de considerar apenas a narrativa infantil em uma suposta tirania dos pequenos; isso seria inverter a relação de poder sem modificá-la. O que se deseja é considerar inclusive as narrativas das crianças. O que se intenta é instigar a dúvida acerca da existência de uma única forma de se pensar a vida – a do adulto. Então podemos eventualmente nos perguntar sobre um ou outro aspecto da realidade: e se elas, as crianças, tiverem a razão? Por Psicóloga e profª Daniela Freire

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