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CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 11 A 18 DE JUNHODE 2014
CAPA
P
G
8
www.circuitomt.com.br
COPA DO PANTANAL
Evento é um dos mais caros do país
Aditivos tornaramCuiabá uma das cinco sedes que mais investiram para a realização do Mundial. Contudo, apenas 40% das obras foram entregues
Rafaela Souza
Cuiabá está entre as
cidades sedes que mais
gastaram para a realização
do Mundial, somando o
estádio e as obras de
mobilidade. E dividindo
todo esse custo por
assento no estádio, o
Ministério dos Esportes,
colocou a capital mato-
grossense em quarto lugar
do ranking, sendo que
cada assento da Arena
Pantanal está avaliado em
R$ 12.858 mil. No total, a
Arena pantanal possui
44.480 mil lugares. Em
primeiro lugar ficou
Brasília, que investiu R$
19.282 mil por cada um
dos 72.777 assentos.
Esses valores
resultaram diretamente no
valor total da Copa no
Brasil, que é considerada
uma das mais caras das
últimas três edições. As
copas do mundo de Japão
e Coreia (2002), Alemanha
(2006) e África do Sul
(2010) consumiram
juntas, US$ 30 bilhões
(US$ 16 bilhões, US$ 6
bilhões e US$ 8 bilhões,
respectivamente),
enquanto o Brasil sozinho
já soma o total de US$ 40
bilhões.
Além do ranking das
que mais investiram, Mato
Grosso também lidera a
listas das sedes que estão
com as obras mais
atrasadas, sendo
Valor da Arena Pantanal
deve chegar a R$ 1 bilhão
A obra da Arena
Pantanal já sofreu mais de
100% de aditivos para a
sua construção. De
acordo com balanço
inicial, o estádio foi
orçado em R$ 342
milhões, contudo após os
acréscimos de valores a
obra já está na casa de R$
601 milhões e ainda pode
chegar há R$ 1 bilhão.
Esses dados foram
retirados do próprio portal
de transparência da Copa.
O valor de R$ 601
milhões da Arena já
extrapolou até mesmo o
valor previsto pelo
Governo em 2010 que era
de R$ 519 milhões. E de
acordo com notas de
empenho, novos valores
devem ser adicionados e
pagos com dinheiro que
vem dos cofres do
Governo do Estado e
empréstimos do BNDES
(Banco Nacional de
Desenvolvimento
Econômico e Social).
Essas notas foram
emitidas em favor das
empresas e consórcios
nos cinco contratos
assinados para terminar
toda a obra da Arena.
O primeiro termo
aditivo ao contrato 009/
2010 com o Consórcio
Santa Bárbara – Mendes
Júnior ocorreu em 25 de
janeiro de 2011 e
custaram R$ 12 milhões,
elevando o valor total da
Arena Pantanal de R$ 342
milhões para R$ 354
milhões.
Já em julho de 2012 o
contrato sofreu um
superaditivo no valor de
R$ 60,6 milhões. A esta
altura o valor total da
obra passou para R$ 432
milhões. Na época o
Governo informou que
esse acréscimo era legal e
estava amparado pela Lei
8.666/93, que estabelece
o limite de 25% de
acréscimo do valor inicial
da obra.
E em março de 2013,
a Secopa pediu mais um
aditivo para contratar
serviços de tecnologia da
informação (Consórcio
CLE) e cujo custo ficou
em R$ 98.193.406,00. No
final de 2013, outro
aditivo foi acrescentado
no valor de R$ 35 milhões
para finalizar as obras do
setor 5 da Arena.
Somente no período
entre 2010 e 2013, os
aditivos já chegavam há
R$ 206 milhões, o que
tirava o valor do estádio
de R$ 395 milhões para
R$ 601 mi.
De acordo com a
Secopa, dizer que este
valor pode chegar a R$ 1
bilhão não é correto. Isso
porque o portal de
acompanhamento de
gastos não leva em conta
os estornos feito em cima
dos valores empenhados.
Em um empenho de R$
108 milhões, por
exemplo, foram pagos
efetivamente apenas R$
20 milhões e o restante
ficou retido, de acordo
com documentos internos
do governo do Mato
Grosso. A secretaria, no
entanto, não mostra o
total de recursos dos
empenhos que foram de
fato retidos ou
devolvidos. Enquanto
isso, de acordo com
último fechamento de
todos os estádios, a Arena
Pantanal ficou em sétimo
lugar como a mais cara
do Brasil. Sendo que o
investimento chegou à R$
646 milhões para receber
quase 40 mil torcedores.
Em primeiro lugar ficou o
estádio Mané Garrincha,
que já chegou a R$ 1,4
bilhão e deve receber
69
mil torcedores.
Entidades vão apurar
irregularidades da Copa
Em relação a essas
divergências de valores,
aditivos de contratos e
também qualidade das
obras, que já
apresentaram diversos
defeitos ao longo da
construção, a Ordem dos
Advogados (OAB), o
Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia
(CREA) e o Conselho
Regional de Contabilidade
(CRC), entraram com
mandado de segurança
contra a Secretaria
Extraordinária da Copa
(Secopa), para que todos
os documentos
referentes a contratos
sejam entregues para
auditorias dos três
órgãos.
Esse já é o segundo
pedido realizado pelas
três entidades, que
tiveram o primeiro pedido
rejeitado. Contudo, o
grupo agora tem o
respaldo da Justiça que
determinou a entrega dos
documentos antes do
inicio dos jogos. Com
isso, a OAB deve analisar
a questão dos constratos,
o Crea será responsável
por verificar a qualidade
da obra contratada e por
fim o CRC verificará se
os valores gastos estão
dentro da normalidade.
De acordo com o a
presidente do CRC, Silvia
Mara Cavalcante, sem ter
os documentos
analisados já é possível
fazer um diagnóstico a
‘vista grossa’ que o
prejuízo da população
está sendo muito grande.
“Devido os atrasos
para iniciar as obras, a
Secopa trabalhou com
muito desmando. Então,
ao longo desses últimos
anos vimos vários
contratos serem
quebrados, valores serem
acrescentados, gastos
serem feitos sem ter
justificativa clara. E isso
deve ser investigado e o
responsável punido, pois
até agora o único que
está sofrendo com essa
situação é a população
que está arcando com as
dividas”, diz Cavalcante.
Após a analise dos
documentos, as entidades
devem encaminhar um
relatório par ao
Ministério Público
Estadual (MPE) para que
medidas judiciais sejam
tomadas.
A trincheira Jurumirim foi uma das obras
com maior aditivo, sendo R$ 7 milhões.
Contudo, não há prazo definido para entrega
AArena Pantanal é um dos estádios mais caros
da Copa no Brasil, sendo o quarto no ranking
constantemente destaque
nacional. Das 56 obras,
apenas 19 ficaram
prontas, sendo que nem
todas foram entregue por
completo, como é o caso
do Viaduto da MT-040,
que possui a parte inferior
ainda interditada.
Mesmo com menos de
50% das obras entregues
para a população, durante
os quatro anos de obras, a
Secopa autorizou R$ 126
milhões em aditivos em 17
obras. Contudo esse não é
o valor final, pois os
custos são calculados com
base no sistema Geo-
Obras do Tribunal de
Contas do Estado (TCE),
com isso o montante pode
ser bem maior, pois a
Secopa não costuma
encaminhar o calor
atualizado.
Com esse aditivo era
possível terminar o
Hospital Central do
Estado, e ainda sobrariam
R$ 6 milhões para outros
investimentos.
Entre as obras de
mobilidade que mais
obtiveram aditivos está a
Trincheira Jurumirim/
Trabalhadores, que é a
maior obra de mobilidade e
a uma das mais atrasadas,
já obteve 18,62% de
aditivo. Só em aditivos da
obra foram consumidos
mais R$ 7,3 milhões aos
R$ 39,345 milhões, que o
consórcio Sobelltar-
Secopa ofereceu na
concorrência pública 007/
2011.
Entre as obras que
também não serão
entregues, estão os
Centros Oficiais de
Treinamento (COTs).
Apesar do investimento de
R$ 42 milhões, os centros
não serão usados por
nenhuma das oito seleções
que irão jogar em Cuiabá.
Segundo a Secopa, no
entanto, as seleções já
haviam descartado treinar
na Capital antes mesmo de
saber que as obras dos
COTs não ficariam
prontas.
Além desses valores
investidos, que não serão
revertidos para o Mundial,
ainda deve ser calculado o
valor total que o Estado
deve investir para manter
todas essas estruturas.
Os dois COTs construídos para receber as seleções da Copa tiveram
um custo total de R$ 46 milhões e não serão usados para treinamento
COPADOPANTANAL
Investimento previsto: R$ 2 bilhões
Falhas grosseiras podem dobrar custos
56 obras prometidas, apenas 19 prontas
Custo da Arena pode chegar a R$ 1 bi
VLT de R$ 1,4 bilhão só em 2017
Fotos: André Romeu