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CIRCUITOMATOGROSSO
POLÊMICA
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CUIABÁ, 29 DEMAIO A 4 DE JUNHO DE 2014
www.circuitomt.com.br
CALOTE
Empreiteiras cobram R$ 11 milhões
Atraso de quatro meses em repasses da Mendes Júnior deixa empreiteiros com a ‘corda no pescoço’
Secretário diz que
paga em 15 dias
Camila Ribeiro
A exatos 15 dias do
início da Copa do
Mundo, empreiteiros que
prestaram serviços à
Mendes Júnior –
construtora responsável
pela obra da Arena
Pantanal, em Cuiabá –
temem sofrer um calote
que pode passar dos R$
11 milhões. Isto porque
as empresas estão desde
o mês de janeiro sem
receber os valores
relativos aos serviços
prestados. O imbróglio
foi, inclusive, pauta de
uma reunião realizada na
manhã desta quarta-feira
(28), no Palácio
Paiaguás. Participaram do
encontro o secretário
extraordinário da Copa,
Maurício Guimarães, o
secretário de Estado da
Casa Civil, Pedro Nadaf,
representantes da Mendes
Júnior e de 25 empresas
ou prestadoras de
serviços que seguem sem
receber os repasses da
construtora.
Por conta do atraso
de quatro meses nos
repasses, as empreiteiras
acumulam dívidas
bancárias, vencimento de
títulos e consequentes
atrasos no pagamento
dos salários de seus
funcionários. “Nós
acreditamos que esses
pagamentos seriam
feitos, ‘vestimos a
camisa’ da empresa,
atuamos com seriedade e
agora nossas empresas
estão com a ‘corda no
pescoço’”, desabafou o
empresário Antônio
Douradinho, da BA
Prestadora de Serviços.
De acordo com o
empresário Rafael
Rabello, que fala em
nome dos demais
empreiteiros, algumas
empresas chegaram a
abandonar a obra da
Arena por medo de um
possível ‘calote’. “Temos
um grupo de 25 empresas
MORRO DO DESPRAIADO
Secopa continua ignorando MPE
Rafaela Souza
e Sandra Carvalho
Os erros grosseiros
evidenciados no barranco
próximo ao Viaduto do
Despraiado têm causado
muita preocupação às
autoridades, entre elas o
Ministério Público
Estadual (MPE) que
notificou a Secretaria
Extraordinária da Copa
(Secopa) para que
medidas emergenciais
sejam tomadas, de modo a
amenizar os transtornos
no local. Contudo, apesar
de esse caso se arrastar já
há 11 meses, a solução
pode demorar, pois a
secretaria, mesmo diante
dos riscos, ainda está em
fase de elaboração do
projeto para manutenção
do local e só depois vai
abrir processo de licitação.
Além do problema do
barranco, que desde o
início das obras tem
causado tantos transtornos
aos motoristas que
Após 11 meses, encosta do morro do Despraiado continua deslizando sem que Secopa tome providências. MPE pediu agilidade
transitam na lateral do
viaduto, há sete famílias
que ainda não foram
indenizadas e nem
removidas do local.
A recomendação do
MPE, expedida pelo
promotor de Justiça Carlos
Eduardo Silva, pede a
limpeza e desobstrução
das bocas de lobo
existentes nas vias
públicas no entorno do
terreno, a retirada do
material depositado no pé
do talude sobre a canaleta
de escoamento de água
pluvial, o isolamento ou a
demolição das casas
existentes e a utilização
das técnicas necessárias
para evitar deslizamentos
no local.
“A morosidade no
encaminhamento de
soluções e o agravamento
das chuvas acarretaram
novos transtornos nas vias
públicas da região,
especialmente em virtude
de alagamentos
ocasionados pela
movimentação de terra que
sobrecarrega a drenagem
existente numa das ruas
laterais do viaduto”,
alertou o MPE em um
trecho do documento.
Segundo o MPE,
relatório elaborado pela
Defesa Civil do Município
apresenta preocupações
quanto à instabilidade do
terreno e os sérios riscos
à vida e à integridade
física dos moradores
residentes na referida área
de risco. “O incluso
relatório técnico produzido
por engenheiros e
geólogos a serviço do
Ministério Público não
deixa dúvidas dos sérios
riscos à segurança da
população que circula no
local, ante a instabilidade
das condições do terreno e
das estruturas das
residências edificadas na
localidade”.
Mas antes de o MPE
prever o agravamento da
situação, Mário Cavalcanti
de Albuquerque, geólogo
do Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia
(Crea-MT), disse
ao
Circuito Mato
Grosso
que o corte
praticado colocou a rocha
em exposição, abrindo a
possibilidade de
deslizamentos em época
de chuvas. E a previsão do
especialista vem se
concretizando.
A Construtora
Mendes Júnior, que está
à frente das obras da
Arena (orçadas em R$
570 milhões), também
não estaria recebendo
em dia os repasses do
governo do Estado. De
acordo com Maurício
Guimarães, na realidade
faltam ser repassados à
construtora valores
referentes às últimas
medições na obra.
“Estamos
finalizando o contrato,
precisamos de alguns
ajustes relacionadas à
última medição, mas
tudo já está sendo
equacionado. Aquilo
que o Estado,
porventura, ainda deve
à Mendes Junior será
quitado na última
medição. A partir de
então, a Mendes Júnior
tem que ter o
compromisso de quitar
os débitos com seus
prestadores de
serviços”, justificou o
secretário ao alegar
que a Secopa tem
acompanhado as
discussões entre as
empresas prestadoras
de serviços e a Mendes
Júnior.
Guimarães garantiu,
ainda, que num prazo
máximo de 15 dias
todos os débitos do
Estado com a Mendes
Júnior deverão estar
equacionados, valor que
segundo ele se aproxima
dos R$ 12 milhões.
OUTRO LADO
Em nota, a Mendes
Júnior disse que negocia
com a Secopa o
recebimento de seu
crédito para quitar as
obrigações com as
contratadas
terceirizadas. Segundo a
empresa, parte do valor
já foi recebida,
possibilitando alguns
pagamentos parciais.
e hoje a Mendes Júnior
tem uma dívida conosco
de aproximadamente R$
11 milhões”, alega
Rabelo. Ainda de acordo
com ele, deste montante,
R$ 4 milhões já estariam
na conta da construtora.
Ainda de acordo com ele,
durante a reunião na
manhã de quarta, a
construtora teria se
comprometido a repassar
esse valor aos
empresários, no máximo
até a próxima terça-feira
(3/6).
Rabello explicou ao
Circuito Mato Grosso
,
que durante a reunião
também ficou acordado
entre as partes que assim
que a Mendes Júnior
repassar às construtoras
esse montante de R$ 4
milhões, o Governo do
Estado deverá liberar
outros R$ 7 milhões para
o pagamento integral dos
repasses em atraso. “A
liberação desses R$ 7
milhões fica condicionada
ao pagamento desses R$
4 milhões que já estão na
conta da empresa”, alega
ele.
Este valor, no
entanto, deverá ser
liberado de forma
fracionada, em até três
parcelas, o que gera
certo descontentamento
entre os empreiteiros.
“Essa proposta que estão
nos fazendo e esse valor
que estão nos repassando
beiram uma esmola. Eles
me devem R$ 2 milhões e
vão pagar R$ 200 mil.
Parece piada”, disse um
empresário que preferiu
não se identificar.
Por fim, Rabello
disse que algumas
empreiteiras que haviam
deixado cerca de 5% de
serviços de acabamento a
serem finalizados estão
retornando ao canteiro de
obras para concluir os
serviços, na esperança de
que até a próxima semana
ao menos os R$ 4
milhões iniciais sejam
quitados.
Fotos: André Romeu/Camila Ribeiro
Obra da Arena Pantanal – orçada em R$ 570 milhões –
é de responsabilidade da Construtora Mendes Júnior
Representantes de 25 empreiteiras estão há quatro meses
sem receber; dívida chega a R$ 11 milhões
Secretário Maurício Guimarães assegura que em 15
dias débitos com a Mendes Júnior serão quitados
Fotos: André Romeu
Especialistas apontam falha grosseira no corte feito pela
empreiteira responsável pela obra do viaduto do Despraiado