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CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 24 A 30 DE ABRIL DE 2014
CAPA
P
G
8
www.circuitomt.com.br
MT INTEGRADO
Silval inaugurou apenas uma obra
Das 42 obras previstas para até o final deste ano, quando termina o mandato do governador Silval Barbosa, apenas uma foi
finalizada e já apresenta problemas
Rafaela Souza
Apesar de alegar que
o MT Integrado será um
dos maiores legados do
seu mandato, junto com
as obras da Copa, o
governador Silval Barbosa
(PMDB) entregou apenas
uma das 42 obras do
programa. Lançado em
abril do ano passado, o
MT Integrado ainda tem
muitas licitações que
ainda não saíram do
papel, e a única estrada
entregue foi alvo de
críticas pela Assembleia
GOVERNO QUER PRIVATIZAR CINCO
RODOVIAS A TOQUE DE CAIXA
O governador Silval Barbosa (PMDB) vai fazer 11
audiências públicas a toque de caixa para privatizar
cinco rodovias em Mato Grosso. O deputado Zeca Viana
(PDT) desconfia do interesse do governo em fazer obras
em ano eleitoral. “São audiências para discutir
privatização de várias rodovias em nosso Estado. Ora,
eu estou achando que é precipitada essa decisão do
governo. Por se tratar de nós estarmos em um ano
eleitoral e este ano não se faz mais nada. Nós temos sim
que discutir projetos, mas com tempo”, afirma.
Asfalto poderá durar apenas cinco anos
A falta de
planejamento e de projeto
com qualidade têm sido
os grandes vilões do MT
Integrado, de acordo
com o diretor executivo
do Movimento Pró-
Logística, Edeon Vaz
Ferreira, que ainda
destaca o esquecimento
das malhas viárias já
existentes.
De acordo com Vaz,
em Mato Grosso são 25
mil km de rodovias
estaduais, sendo que
apenas 5 mil km são
asfaltados, e com o MT
Integrado esse número
pode subir para 7 mil km.
Contudo, com a baixa
qualidade do serviço e a
falta de manutenção do
asfalto existente, o
Estado pouco irá avançar.
“Todo o projeto do
MT Integrado é com base
em asfalto frio, o que
significa que a estrutura,
se não for bem feita, terá
problemas, e a previsão é
que se houver uma boa
manutenção por parte das
empresas contratadas,
esse asfalto terá vida útil
de no máximo cinco
anos”, alerta o diretor.
Em busca de maior
atenção do Estado, o
Movimento Pró-Logística
elaborou o Projeto Rotas
Estaduais do
Agronegócio e a
apresentação de um plano
de trabalho que visa a
manutenção e a
conservação de 120
estradas de Mato Grosso.
Porém, a espera por uma
resposta já dura dois
anos e a esperança do
grupo será aguardar o
próximo Governo para
que o projeto não seja
descartado.
DESVIO DO FETHAB
Mato Grosso é a
região que possui a maior
malha viária estadual do
Centro-Oeste, sendo 25
mil km no total, e ao
mesmo tempo é a que
tem a menor
porcentagem desse
trecho asfaltado – apenas
5 mil km de asfaltados –
e ainda sem estrutura.
Com o MT Integrado
o objetivo era subir para
7 mil km as rodovias
asfaltadas, enquanto
ainda está sendo realizada
a licitação de boa parte
dos 2 mil km do
programa, o Estado está
longe de alcançar pelo
menos 50% das estradas
com boas condições para
tráfego e se equiparar
com Goiás, por exemplo,
que possui 51% da malha
viária asfaltada.
De acordo com
Edeon Vaz, esse
abandono das estradas
justificado pela falta de
orçamento está
diretamente ligado
ao Fundo Estadual de
Transporte e Habitação
(Fethab), que está sendo
direcionado para várias
áreas, principalmente às
obras da Copa, porém
menos para a
conservação das
estradas, que é o seu
objetivo. Com isso, ainda
restam 18 mil km que
necessitam de atenção
especial, mas sem projeto
para beneficiar essas
regiões a população está
longe de ver regiões que
viram pesadelo na época
das chuvas se tornarem
viáveis para o transporte.
Entre os municípios que
estão na lista de espera das
obras do MT Integrado está
Aripuanã (distante 973 km a
noroeste de Cuiabá) e que irá
receber 42 km de asfalto
entre a cidade e a BR-174.
Contudo, após dois anos de
espera, a perspectiva é de
que as obras iniciem no mês
de maio, mas a cidade ainda
enfrenta outro empecilho: a
obra será edificada apenas
no meio de um longo trecho
sem asfalto. As duas
extremidades continuarão
em terra pura.
De acordo com o vice-
prefeito de Aripuanã, Junior
AntônioDalpiaz (PDT), o
município sempre enfrentou
sérios problemas de
abastecimento e escoamento
da produção da região, e
sempre que foi solicitado o
asfaltamento da região, a
resposta era a falta de
orçamento do Estado.
Com o abandono da
região, a promessa do asfalto
trouxe ânimo para a região,
contudo o administrador
aponta algumas falhas que
podem continuar deixando o
local isolado.
“Aripuanã está emum
local muito isolado, e a nossa
interligação comoutros
lugares se dá através da BR-
174, que foi inclusa no PAC
e era para estar sendo
asfaltada também. Contudo,
se isso não acontecer,
continuarámuito complicado
para o município ter apenas
os 42 km de asfalto sem
ligação a outro local”, diz
Dalpiaz.
Outra questão que o
pedetista destacou foi a
qualidade do asfalto: segundo
ele, o projeto previsto para a
BR prevê asfalto quente de
qualidade, contudo o daMT
não atende a essa demanda.
Como a cidade já vive
isolada, o vice-prefeito diz
que para o momento o que
resta é se conformar com o
mínimo que será oferecido
pelo governo. “Vimos que o
asfalto que será colocado
pelo Estado é de baixa
qualidade, mas não temos
força para mudar isso e
também consideramos um
avanço, já que alguma coisa
será feita. Porém já estamos
prevendo que será necessário
futuramente o recapeamento
com asfalto quente na nossa
região e a fiscalização para
que os caminhões não
transitem sobrecarregados”,
observou.
Obra vai integrar Aripuanã a lugar nenhum
Legislativa devido à
falta qualidade do
asfalto.
O programa,
que está orçado em
R$ 1,5 bilhão,
previa a interligação
de 44 municípios
do Estado através
de malha
rodoviária. Para
isso estava previsto
a pavimentação de
mais de 2 mil km
de estradas. Contudo
apenas 22 km estão
disponíveis para a
circulação de veículos.
Entre os críticos da
qualidade do asfalto está o
deputado estadual Pedro
Satélite, que criou uma
Frente Parlamentar para
fiscalizar as obras. De
acordo com o deputado,
foram analisados os
contratos e nenhuma
irregularidade foi
diagnosticada, mas o
problema do asfalto está
relacionado com o pedido
de baixa qualidade que já
estava previsto em
contrato.
“Na estrada que
Colíder a Nova Canaã o
contrato previa a
pavimentação com asfalto
frio, que chega a ter a
qualidade quatro vezes
menor do que um
asfalto quente. Mas
buscamos a empresa
responsável pela
obra e ela
prontamente se
colocou à disposição
para consertar os
problemas pontuais”,
diz Satélite.
Enquanto
algumas empresas
estão concentrando
os esforços para
refazer os trabalhos
que deixaram a
desejar para a
população, outras
ainda nem foram
contratadas. De
acordo com o
próprio relatório da
Secretaria de
Transporte e
Pavimentação Urbana
(Setpu), das 48 obras
previstas para terminar
em dezembro, 13 estão
em fase de licitação e uma
está à espera de
lançamento de licitação.
Outras 11 ainda não
passaram do projeto. Em
fase um pouco mais
avançada estão cinco
obras em ordem de
serviço e uma aguardando
essa ordem. Por fim,
apenas 10 estão em
execução e apenas uma
foi entregue.
O OUTRO LADO
A assessoria da
SETPU ainda
complementou que desde
o ano passado não houve
alteração no status das
obras devido ao período
RAIOS-X DO MT INTEGRADO
RECURSOS: R$ 1,5 BILHÃO
TOTAL DE OBRAS: 42
TOTAL DE KM: 2 MIL
EM FASE DE PROJETO: 11
EM EXECUÇÃO: 10
EM FASE DE LICITAÇÃO: 13
AGUARDANDO LICITAÇÃO: 1
ORDEM DE SERVIÇO: 6
OBRAS CONCLUÍDAS: 1
TOTAL ASFALTADO: 22 km
de chuvas, no qual os
trabalhos são
considerados inviáveis.
SOBREPREÇO
Das licitações
lançadas inicialmente pela
Setpu para execução do
programa MT Integrado,
14 foram apontadas com
sobrepreço pelo Tribunal
de Contas Estadual
(TCE). O prejuízo aos
cofres públicos chegaria a
R$ 50 milhões. Depois de
muitas idas e vindas, a
Setpu celebrou com o
TCE um Termo de
Ajustamento de Gestão
(TAG) para dar
seguimento à implantação
do Programa.
O governador Silval Barbosa considera o MT
Integrado um dos maiores legados da sua gestão
Vários municípios continuam isolados no interior de Mato
Grosso devido ao atraso do Programa MT Integrado
Em Aripuanã, 42 km de asfalto ligam a cidade
à BR-174 que ainda não foi pavimentada
O vice-prefeito de
Aripuanã, Antonio Dalpiaz,
conforma-se com o mínimo
Gilmarques Macedo
Adrieli Piovezan
Cleverson Veronese
Secom/MT
Pedro Alves