CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 24 A 30 DE ABRIL DE 2014
POLÊMICA
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BOLSA ATLETA
Atraso no repasse do incentivo faz com que desportistas de alto nível deixem de se aperfeiçoar e de representar MT em competições
Incentivo está atrasado há 3 anos
Di ego Freder i c i e
Sandra Carvalho
A prát ica de
espor tes é um dos
fatores mais
importantes na
transformação social de
um indivíduo. Por meio
dele, crianças e adul tos
podem utilizar seu
tempo ocioso
distanciando-se de
prát icas i l íci tas e, em
alguns casos , obter
renda e conquistar o
sucesso, melhorando
suas condições de vida.
Entretanto, essa
parece não ser
prioridade para os
gestores públ icos do
Estado, tendo em vista
que mui tos at letas estão
sem receber os repasses
do Projeto Ol impus -
Bolsa Atleta, do
Governo do Estado, há
cerca de t rês anos .
Um total
cont rassenso ao gasto
ast ronômico com obras
com vistas à Copa do
Mundo, a exemplo do
Veículo Leve Sobre
Tri lhos, o VLT, cujo
investimento orçado em
R$ 1,5 bi lhão deve
ul trapassar R$ 6 bi lhões
e só f icar pronto em
2016.
Carlos Henrique tem
22 anos e prat ica karatê
SEM PATROCÍNIO, ATLETAS DA GINÁSTICA
ARTÍSTICA DE MT FAZEM PEDÁGIO
Em 2012, para participar do Campeonato Brasileiro de Ginástica Artística em Goiânia
(GO) ginastas de Mato Grosso da categoria pré-infantil tiveram que fazer pedágio na
Praça Popular, em Cuiabá, para arrecadar fundos.
ENQUANTO ISSO O ESTADO...
- CONCEDE INCENTIVOS FISCAIS DE R$ 1,2 BILHÃO AO ANO
- DESPERDIÇA R$ 2,8 MILHÕES COM LOCAÇÃO DE AUTOMÓVEIS
- GASTARÁ R$ 4,8 MILHÕES PARA CORRIGIR FALHA EM OBRA DA COPA
- INVESTE R$ 1,5 BI COMO VLT NUMA CIDADE EMQUE NÃO HÁ DEMANDA
- IRIAPAGARR$ 55MILHÕESDESOBREPREÇONOPROGRAMAMT INTEGRADO
A Secretaria de
Estado de Esportes e
Lazer (SEEL-MT)
reconheceu que existem
pendências a serem pagas
aos atletas de Mato
Grosso, afirmando que irá
pagar os valores que já
foram empenhados.
Segundo a assessoria,
“tudo o que estiver
empenhado será liquidado
ainda este ano”. Em
relação às parcelas
atrasadas que ainda
carecem de pagamento, o
órgão público admite que
“há bolsas para quitação
dos anos de 2010, 2011 e
2012”.
Entretanto, uma das
prestações em débito, no
valor de R$ 130 mil, deve
ser quitada até o final de
abril, de acordo com a
SEEL.
Secretaria
de Esportes
reconhece
atrasos
A menos de uma
semana da partida
internacional de futebol
americano entre a Seleção
Brasileira e a equipe do
Uruguai, dia 26, em
Montevidéu, o
Cuiabá Arsenal ainda não
havia conseguido R$ 8
mil para as despesas de
transporte, alimentação e
hospedagem dos oito
atletas convocados. A
fim de arrecadar a soma,
a equipe colocou em
sorteio uma
camisa oficial
autografada ao valor de
R$5 cada número.
O Cuiabá Arsenal é
destaque internacional e
representa a Seleção
Brasileira e mesmo assim
encontra dificuldades
para conseguir patrocínio
público ou privado.
Segundo o presidente
do Cuiabá Arsenal,
Orlando Ferreira, o maior
Arsenal sorteia camisa
para arrecadar fundos
desafio continua sendo a
falta de patrocínio
financeiro tanto para as
viagens como para
aquisição de
equipamentos e
pagamento dos
treinadores. O time
também não possui um
centro de treinamentos e
depende da boa vontade
de instituições públicas e
privadas em ceder os
espaços utilizados pela
equipe. Para ajudar no
caixa da equipe, os
atletas pagam uma
mensalidade de R$ 25.
“Aqueles que não têm
condições ajudam da
maneira que podem como
voluntários, ajudando a
pintar o campo, na
manutenção dos
equipamentos, entre
outras funções”, explica
o vice-presidente do
time, Paulo Cesar
Ribeiro.
A Associação de
Ciclismo Tangaraense
(ACT) prevê um ano
muito difícil devido à
falta de apoio para
continuar seus
treinamentos e suas
competições em 2014.
Os títulos nacionais
conquistados pelos seus
ciclistas nos últimos
três anos não foram o
suficiente para mostrar
a seriedade do projeto
social. José Abdo,
presidente da ACT,
reclama que em 2013
seus ciclistas de 12 a 16
anos, ao invés de se
Ciclismo com poucas esperanças sem Bolsa Atleta
dedicarem exclusivamente
aos treinos e estudos,
tiveram que pedir ajuda
aos empresários locais
para poderem viajar para
as 16 competições do
ranking nacional.
“Conquistamos títulos
importantíssimos no
ciclismo e pelo que estamos
vendo ninguém liga,
ninguém dá valor.
Infelizmente vivemos uma
cultura medíocre onde só o
futebol tem valor, e é só
para esta modalidade que
vemos investimentos de
grande porte. Para as
demais modalidades
olímpicas só sobram
migalhas”, desabafa.
Em entrevista ao G1,
Abdo disse acreditar que
se não houvesse o atraso
no pagamento do Bolsa
Atleta, concedida pelo
Governo do Estado aos
ciclistas tangaraenses,
tudo seria diferente, mas
juntando a falta de apoio
com o não pagamento do
Bolsa Atleta, os jovens
ciclistas da ACT ficam
impossibilitados de
seguirem seus
treinamentos devido ao
desgaste das peças e
pneus.
desde os 8. Des taque na
arte marcial mato-
grossense, o jovem faz
parte da seleção
brasileira da
modalidade.
As vitórias
conquistadas dent ro do
tatame, porém, não são
o bastante para garant ir
os recursos do Projeto
Ol impus, pois o jovem,
que faz
free lancer
de
design gráfico, não
recebe o valor do
subsídio de R$ 800
desde o primeiro
semest re 2013,
obrigando-o a t irar
dinheiro do próprio
bolso para manter o
nome de Mato Grosso
na el i te do esporte.
“Faz um bom tempo
que não recebo, a
última parcela paga tem
mai s de um ano. O
governo sempre
promete que i rá pagar
os valores at rasados. Aí
eles pagam uma parcela
só para dar uma
amenizada e depois
vol ta tudo como antes”,
diz.
At letas de outras
artes marciais também
sof rem com a fal ta de
apoio para treinos, além
da participação de
campeonatos. Carlos
Flávio é um dos nomes
mais talentosos do
espor te mato-grossense.
Prat icante do tae kwon
do, luta de or igem
coreana, Flavinho já
conquistou os principais
torneios realizados no
país – Brasi l Open e
Copa do Brasi l , entre
outros.
Apesar dos t í tulos
representando Mato
Grosso, o rapaz de 19
anos também se queixa
da fal ta de apoio, pois
também engrossa a fi la
dos que não recebem o
Bolsa Atleta.
“Não part icipo de
mui tos campeonatos
porque minha família
não tem condições de
me bancar em todos os
torneios dos quais
preciso part icipar.
Quando deixo de ir não
ganho experiência, além
de não poder pagar por
sessões de fisioterapia,
o que me impossibilita
de part icipar de treinos
de al to impacto, ideais
para compet ições”,
af i rma. O mest re de
André, Erozé Viliagra,
lamenta o desperdício
de potencial: “O atleta
precisa do incent ivo
para se aperfeiçoar .
Sem dinhei ro não se faz
nada disso”.
Hugo Dias
Pedro Alves
Carlos Flávio, à esquerda, é um dos atletas que deixa de participar de disputas representando MT por falta de apoio do Estado
Ciclistas de Tangará não recebem Bolsa Atleta apesar de vários títulos