CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 25 A 31 DE OUTUBRO DE 2012
ECONOMIA
P
G
4
SORRISO
A capital nacional do agronegócio
Agora o desafio do município é garantir desenvolvimento social e qualidade de vida.
Por Andhressa Sawaris Barboza. Foto Divulgação
O maior Produto
Interno Bruto (PIB)
Agropecuário do país
está na cidade de
Sorriso, norte de Mato
Grosso. Por esta razão, a
cidade foi reconhecida
como a Capital Nacional
do Agronegócio.
Assinada pela presidente
Dilma Rousseff, a Lei nº
12.724,
de 16 de
outubro de 2012,
publicada na edição do
dia 17 do Diário Oficial
da União, é o
“
reconhecimento de uma
conquista de toda a
sociedade sorrisense”,
afirmou o presidente do
Sindicato dos Produtores
Rurais, Laércio Lenz.
Com a lei, também
assinada pelo ministro da
Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa),
Mendes Ribeiro Filho, o
município poderá fazer
uso da titulação nos
Agronegócio
atrai turistas e
empresários
“
Já tem muita
gente ligando para
nos visitar e conhecer
nossa produção,
outros querendo
investir, e isso vai
abrir janelas para
todo o comércio, e
não só de Sorriso,
mas de toda a
região, como Nova
Mutum e Sinop”,
conta o presidente
do sindicato. O
turismo da região
ainda não é forte,
mas se constitui em
um potencial a ser
explorado.
O destaque na
agricultura faz de
Sorriso uma rota do
agroturismo mundial,
uma vez que a
tecnologia investida
no campo tem
despertado o
interesse de visitantes
que buscam
aprender o processo
de plantio da soja,
milho e algodão
com os produtores
locais. O ecoturismo,
apesar de pouco
explorado, pode
ganhar corpo devido
aos recursos naturais
como os rios Lira e
Teles Pires, as praias
e ilhas de água
doce. Por estar em
uma área de
transição entre a
floresta amazônica e
o cerrado, Sorriso
conta com grandes
possibilidades para
a exploração
turística, caso, por
exemplo, do Salto
Magessi.
O prefeito Clomir
Bedin (PMDB), conhecido
como Chicão Bedin,
acredita que no aspecto
social o município “tem
problemas como toda
cidade que cresce muito
rápido”. Com um dos
melhores índices em
saúde, educação,
emprego e renda, Sorriso
ainda pode melhorar, na
visão de Bedin, quando se
fala em distribuição de
renda.
“
O agronegócio
impulsionou a economia,
mas não devemos ficar
por aí, porque ele é um
modelo de concentração
de renda nas mãos de
poucos, então cabe ao
Poder Público formular
políticas que visem à
distribuição da riqueza”,
disse. A saída, para ele, é
diversificar a economia e
incentivar a agricultura
familiar. “Houve um
crescimento nos últimos
O desafio é distribuir renda
e diversificar a economia
anos, mas enfrentamos
uma situação peculiar: a
oferta de emprego é
maior que a mão de obra
existente especializada e
não especializada”, diz
Bedin ressaltando ainda
que é preciso trabalhar
para levar mais cursos
profissionalizantes para a
região.
“
Não podemos nos
deslumbrar com o
agronegócio e fechar os
olhos para os problemas
sociais e ambientais”,
explica.
Para Laércio Lenz, os
produtores têm feito a sua
parte. “A administração
pública não está
conseguindo acompanhar
o crescimento privado,
falta ainda infraestrutura,
mas nosso maior
problema continua sendo
a logística: só temos a BR-
163
que não suporta mais
escoar a produção”,
sintetiza.
documentos oficiais e
mensagens institucionais.
Logo no primeiro artigo
da lei está evidenciado
que o principal objetivo é
o de “promover o
atributo peculiar do
maior produtor de grãos
do Brasil”.
Responsável pela
cifra de R$
791.159.000,00
só no
PIB agropecuário, a
Capital do Agronegócio
já utilizava o slogan
institucional, devido à Lei
Municipal nº 1.893/10,
sancionada pelo prefeito
Clomir Bedin (PMDB).
Com a lei no âmbito
federal, o título ganha
não somente respaldo do
país como internacional,
projetando Sorriso como
referência mundial em
produtividade e
crescimento econômico.
Sorriso está
localizado no chamado
Médio-Norte do estado
e, há alguns anos, já tem
apresentado o índice de
maior produtor individual
brasileiro e mundial de
soja. A área plantada é
de 633 mil hectares,
atingindo a produção de
2,1
milhões de toneladas
de soja na última safra
que é de 2011/12, de
acordo com o Instituto
Mato-grossense de
Economia Agropecuária
(
Imea). A estimativa para
o próximo ano, safra
2012/2013,
é superar
esses números. A
produção de Sorriso
chega a 9% do volume
total de Mato Grosso,
projetado em mais de
24,1
milhões de
toneladas.
Para Laércio Pedro
Lenz o desafio é grande.
“
Com toda a certeza foi
um título merecido, pelo
nível de produção, mas o
produtor já assumiu a
responsabilidade e a lei
veio dar o
reconhecimento por essa
postura e pelo sucesso
das lavouras”, disse.
Lenz ainda afirma
que é preciso considerar
toda a região onde o
município está inserido:
“
Cidades vizinhas como
Lucas do Rio Verde e
Nova Mutum também
fazem parte desse circuito
de alta produção; a
produtividade aqui é a
maior do mundo, isto,
sem dúvida”. O produtor
explica que além de
condições favoráveis
para o plantio, o
planejamento e o
investimento em
tecnologia de ponta
foram os principais
fatores para que a
região seja hoje
considerada um polo.
“
A adequação
ambiental tem sido uma
preocupação nossa,
enquanto sindicatos, mas
nesse sentido estamos
tranquilos, porque estamos
consolidando há vários
anos as alterações
necessárias no modo de
produção; se alguém tem
um passivo, já está
buscando resolver a
questão”, conta. Ele
ressaltou que é utilizado o
plantio direto e praticamente
100%
das embalagens de
insumos são recicladas.
