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CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 25 A 31 DE OUTUBRO DE 2012
CULTURA EM CIRCUITO
PG 6
Anna é doutora em
História, etnógrafa e filatelista.
TERRA BRASILIS
Por Anna Maria Ribeiro Costa
SOY LOCO POR TI AMÉRICA
ZIRALDO, 80 ANOS
O título da música “Soy loco por ti
América”, composta em 1966 por
Torquato Neto, Gilberto Gil e Capinan,
grandes letristas do Movimento
Tropicalista, foi escolhido para a
despedida de outubro. Entre tantos eventos
a comemorar, o mês ainda é lembrado
pela chegada de Colombo à ilha de
Guanaani, hoje Watlig, no arquipélago de
Bahamas, América Central. A
denominação América, de acordo com a
historiografia, indica uma homenagem ao
navegador
Américo Vespúcio
que comprovou
que essas terras
formavam um
novo continente”.
Bem mais tarde, a
América recebeu
atenção de José de
Alencar ao criar o
anagrama
Iracema, depois de
embaralhar todas
as suas letras.
Nome de uma das obras da trilogia do
escritor cearense, o romance conta a
história do amor de um português com
uma índia da tribo Tabajara, a “virgem
com lábios de mel e de cabelos mais
negros que a asa da graúna”.
A chegada de Colombo à ilha de
Guanaani representou a expansão
comercial europeia que procurou novas
rotas oceânicas para
as Índias, necessária à
atividade mercantil.
Mas, os homens de
Santa Maria, Pinta e
Nina ao aportarem no
mar tingido de um
azul turquesa
estonteante, mudaram
o destino da América
ou de Iracema, já que
a ordem social dos
povos autóctones foi
violentamente
transgredida. Debaixo da proteção dos
reis católicos, ao contrário do que se diz
secularmente, ao invés de descobrirem o
Novo Mundo”, encobriram as civilizações
indígenas.
Ao cumprir o provérbio “andando
mais, mais se sabe”, Colombo realizou
ainda três viagens, atingiu outras ilhas,
outros povos. Sob a égide da colonização,
escreveu páginas e páginas para uma
história de confrontos que ocasionaram o
extermínio de muitos povos indígenas. A
saga do navegador genovês chegou ao
fim com o fracasso da última viagem, já
que nunca encontrou o caminho para as
Índias.
Diz a música: “Soy loco por ti América,
soy loco por ti amore, yo voy traer una
mujer playera que su nombre sea marti,
que su nombre sea marti”. A América que
virou Iracema que virou Marti. José Marti,
o herói que descobriu as cores das
Américas.
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clovis Mattos
24
de outubro
de 1932
O
Armazém do
Mundo
A turminha
da Mata do
Fundão,
personagens
frequentes das
lendas
brasileiras, está
refletindo sobre
a maneira de consertar o mundo na
hipótese de ele sofrer o impacto de um
cometa que lhe provoque muita
destruição. Este é o pretexto do autor
para introduzir a descoberta sobre a
origem das coisas que nos cercam e das
quais necessitamos para viver. Sua
proposta leva suavemente as crianças a
uma reflexão filosófica sobre temas como
saúde, meio ambiente, ética, trabalho e
consumo.
LIVRE PARA VENTAR
A pergunta ética básica que se faz é:
Como agir em relação ao próximo?”.
Resposta
imediata:
com
justiça
inspirada
nos
valores
da
igualdade
e
equidade.
Na
abordagem
desse
tema,
Ziraldo
usou “do fantástico e do
maravilhoso”. O redemoinho do
Saci é injustamente preso, acusado
de estar provocando desastres e
catástrofes naturais. Em defesa da
cidadania do réu, seus amigos se
unem num trabalho conjunto para
descobrir o verdadeiro responsável
pelos crimes contra o meio
ambiente.
Ziraldo, além de pintor, é
cartazista, jornalista, teatrólogo,
chargista, caricaturista, escritor e
colecionador de piadas. Sua vasta
obra faz parte do nosso cotidiano.
O cartaz de um filme, um logotipo,
uma camiseta, um programa de
televisão, uma capa de revista,
uma simples caixinha de fósforo,
tudo ganha um charme especial.
Um bom brasileiro diz logo de
cara: “Só pode ser coisa do
Ziraldo...”