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CUIABÁ, 18 A 24 DE OUTUBRO DE 2012
50
ANOS DO DIDI DEDÉ
Em capitais mundiais, não
apenas arquitetos, decoradores
e curadores visitam ateliês dos
artistas. Em Paris, Londres,
Barcelona, Madrid, Milão e
São Paulo, em semanas
conhecidas como ESTÚDIOS
ABERTOS (
open studios)
visitas
escolares e mapas turísticos
incluem esses lugares. Num
específico mês, o
Departamento de Turismo
coloca um patrocínio numa
série de ateliês que são abertos
simultaneamente para escolas
e visitas, com mapas, cafezinho, água e um bate-papo com os
artistas. Peças com preços populares são colocadas à vista nos
ateliês e o profissional segue sua rotina. Assim a população se
aproxima da prática do artista, desmistificando um pouco a
figura do criador, mostrando seu dia a dia, sua sala, banheiro,
geladeira, suas dificuldades, manias e disciplina na
manutenção de um mercado inventivo. Assim alguns jovens
são acordados para esses lugares inspiradores, sujos de tinta,
barro, grafite com esboços nas paredes, caixas de material e
música. Alguns artistas trabalham em silêncio, outros com
música alta, outros com televisão ligada, sozinhos e uns com
família por perto. Um grande exemplo de profissional que
sempre abre sua casa e recebe visitas em seu ateliê completou
50
anos este mês. Ninguém mais ninguém menos que um dos
mais importantes artistas plásticos de MATO GROSSO, Adir
Sodré. Antes de Mauro Mendes, Lúdio, Blairo, Silval ou o
Galindo de Wilson se mostrar como líder deste nosso povo,
Adir Sodré circulava pra cima e pra baixo com telas, entrando
em casa de nossas famílias, promovendo registros para a
melhoria de nossa cultura. Ele trazia cor, traços, ironias e
melhores dias num mercado artístico em que nenhum de seus
adquirentes voltava atrás. Não conheço alguém que comprou
uma obra de Adir e se arrependeu. Se vendeu a obra e, com
lucro, passou-a adiante foi porque, todos sabemos, suas
peças valorizaram com o tempo. Um Adir Sodré é sempre um
ótimo investimento. No período inicial de sua carreira, mais
que arte, havia um cunho de educação e política com extrema
paciência de valorizar o que era nosso brigando com a
importação barata de réplicas impressas.
Nesses 50 anos do grande artista plástico popular que
desenha as ruas, os postes, os restaurantes e os muros de
nossa capital, fica aqui o meu aplauso, de pé. Cresci numa
família na qual, desde muito pequeno, minha mãe sublinhava
sua importância. Tínhamos uma série de pinturas de Adir na
sala de casa, e era rotativo, com trocas constantes de obras.
Minha mãe levava suas obras e mostrava a parentes e amigos
para ajudá-lo a vender. Mais adiante vimos Sodré conquistar
o Brasil, pintar ícones mundiais e se apresentar nas exposições
mais importantes do país. Todos os curadores mais importantes
do Brasil aplaudem a técnica, o talento e a ousadia de Adir
Sodré. Recentemente o Goiabeiras Shopping lançou uma
campanha com seus desenhos, foi um sucesso, um marco de
marketing de bom gosto. Valorizar o que a população
consagrou é devolver com ética o que mercado ensina em
consumo popular. Isso é primordial. Demorou.
Nas feiras de decoração e arquitetura, a assinatura deste
ícone das artes mato-grossenses é sinal de maturidade e
respeito. O Ateliê ADIR SODRÉ é frequentado pelos
profissionais mais importantes do mundo; ali estive com
professores da FAAP, com curadores do MAM e admiradores
de outros países. Tão próximo no Facebook, tão acessível num
sobrado na Rua 12 de Outubro, mora nosso iluminador e
inventor de meio século. Um menino gênio, o Didi Dedé.
Bravíssimo!
PRÊMIO JOVEM ARTE MATO-GROSSENSE
Nesta quinta 18 será aberta a
exposição resultante do Prêmio Jovem
Arte Mato-grossense, no Pavilhão das
Artes, que tem como objetivo reunir, na
capital, a proposta de oito jovens
artistas do Centro-Oeste. Nesta quinta
inclusive acontece performance às 17h.
A expo vai até dia 18 de novembro,
aberta gratuitamente ao público de
segunda a sexta-feira das 13 às 19
horas. De Mato Grosso foram
selecionados o artista DANIEL PELEGRIM
e o coletivo À DERIVA. INFO:
DESPEDIDA DAS ONÇAS
Já vá pensando em
presentes para o Natal.
Dificilmente mais adiante você
encontrará uma lembrança de
tão bom gosto. A exposição de
JOÃO SEBASTIÃO
se despede
neste dia 20 de outubro da
Casa do Parque. Se você ainda
não esteve na expo, vá prestigiar
e conferir telas com preços a
partir de 1.500 reais. Entrada
franca em horário comercial na
CASA DO PARQUE.
INFO: (65) 3365 4789.
NOSSO PIANISTA EM SANTIAGO
Ocorreu no dia 13 de outubro em Santiago (Chile)
recital de piano com o pianista brasileiro Luis Renato
Dias, pianista da CASA DO PARQUE. O recital foi
organizado pela Iglesia Presbiteriana del Valle Lonquén,
sob a direção do reverendo Egimar Ribeiro, com o tema
Os pianeiros do Brasil”, no qual o pianista apresentou
obras de Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga,
Zequinha Abreu, e do genial Villa-Lobos, como também
obras suas.
Este recital é um marco em Santiago, onde o pianista
brasileiro realizou um recital de piano focando o seu
repertório apenas em compositores brasileiros. Uma das
peças que causou grande comoção entre os convidados
foi o “Tico-tico no fubá”, de Zequinha Abreu, sem contar
que “Apanhei-te, cavaquinho” e “Odeon” deixaram a
plateia bastante animada diante da interpretação do
pianista. No local, um grande público chileno de todas
as idades que na sua maioria estava ouvindo pela
primeira vez esses compositores.
No final do recital, o pianista foi saudado com um
caloroso aplauso e um pedido de bis constante, e
executou uma de suas obras, “Brejeiro Cuiabano”. Já
falam em
outro recital
para 2013,
quando mais
uma vez a
música
brasileira
será
apreciada
pelos
hermanos
chilenos.
CULTURA
Por Luiz Marchetti
Fotos: Luiz Marchetti/
Gravaluz
Luiz Marchetti é
cineasta cuiabano,
mestre em design em arte
midia, atuante na cultura de
Mato Grosso e é careca.