CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 21 A 27 DE JUNHO DE 2012
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“As máquinas estão arrebentadas”
100% EQUIPADO
Vice-presidente da AMM faz críticas severas sobre a situação dos maquinários e outros prefeitos engrossam o coro.
Por Camila Ribeiro – especial para o Circuito Mato Grosso. Fotos: Mary Juruna e Arquivo
O Governo do
Estado investiu cerca de
R$ 240 milhões na
compra de maquinários
para atender os 141
municípios com a
promessa de tornar as
estradas estaduais e
municipais viáveis.
Contudo, os 705
equipamentos adquiridos
até o momento não
mostraram “a que
vieram”. Atoleiros no
período chuvoso, buracos
e poeira na seca tornam
a malha viária de Mato
Grosso uma das piores
do país. O prefeito de
São Félix do Araguaia e
vice-presidente da
Associação Mato-
grossense dos Municípios
(AMM), Filemon Limoeiro,
faz críticas ainda mais
severas quanto à
ineficiência dos
maquinários adquiridos
pelo Estado. “As
máquinas estão
arrebentadas e em
péssimo estado. As
demandas dos consórcios
e municípios não são
atendidas, ou quando
são é tudo pela metade.
Os trabalhos começam e
não terminam, enfim, é
uma total desordem”,
desabafa.
Ele diz ainda que os
consórcios não têm
qualquer autonomia
sobre o funcionamento
dos equipamentos.
“Quando nós
administrávamos, as
coisas funcionavam. Hoje
em dia, o planejamento
para atender os
municípios não funciona,
e o resultado está aí:
estradas em péssimo
estado e consórcios em
decadência, já que não
Gestores mascaram
a real situação
Apesar das constantes reclamações e dos
levantamentos que estão sendo realizados pela
Acrimat, alguns prefeitos parecem desconhecer
ou simplesmente tentam mascarar a realidade
encontrada nos municípios.
O prefeito de Querência, por exemplo,
Fernando Görgen, revela que a prefeitura
dispõe de oito equipamentos destinados
através do MT 100% equipado e que todos
eles estão em perfeitas condições.
Em Jangada, o prefeito e presidente do
Consórcio do Vale Rio Cuiabá, Valdecir
Kemer, diz que a situação é a mesma. “Os
veículos destinados aos consórcios trabalham
na recuperação de estradas estaduais e
aqueles de exclusividade do município fazem
serviços de manutenção das vias, limpeza de
terrenos baldios. Os trabalhos estão sendo
feitos”. Ainda segundo ele – e como confirma
a Setpu – a manutenção das máquinas fica a
cargo das prefeituras, através de um convênio
firmado com o Estado.
Os sindicatos rurais
do Estado também
mostram
descontentamento frente à
péssima condição das
rodovias de Mato Grosso.
“Já perdi as contas de
quantas vezes os
pecuaristas ou produtores
de grãos foram
prejudicados por conta
dos atoleiros e buracos
encontrados nas vias”,
assegura o presidente do
Sindicato de Vila Rica,
Eduardo Ribeiro da Silva.
Ele ainda completa
dizendo que “as pontes
também estão em estado
deplorável. Os condutores
dos veículos precisam se
arriscar e fazer
verdadeiras manobras
para conseguir trafegar
em alguns trechos de
nossa região”.
Silva diz que
têm liberdade para
trabalhar”.
Limoeiro revela que
neste momento a
situação das estradas só
não é ainda mais grave
pois o período é de seca.
“O mais importante é
que, por sorte, agora
contamos com um ótimo
engenheiro: o sol. Caso
contrário, a situação
seria ainda mais
lastimável”, ironiza.
Assim como Limoeiro,
prefeitos de diversos
municípios não escondem
o descontentamento com
o baixo grau de
resolutividade do
investimento milionário
que o Governo do Estado
fez na compra de
maquinários. Gerson Rosa
de Moraes, que preside o
Consórcio do Pontal do
Araguaia, revela que o
governo passou a
Produção do Estado é prejudicada
recentemente alguns
equipamentos do governo
estiveram no município de
Santa Terezinha realizando
alguns serviços, contudo,
os problemas estão bem
distantes de serem
sanados. “Na MT-158,
por exemplo, foram feitas
algumas reformas, mas a
situação ainda é
péssima”, declara.
Augusto Santos Neto,
do Sindicato de Apiacás,
no Nortão do Estado,
conta que as coisas se
acertam na época da
seca, mas passado este
período os problemas
voltam a assolar a região.
Santos afirma que a
manutenção é feita aos
poucos.
“É muito complicado
não só para os que
precisam escoar sua
produção, como para a
população de forma
geral. Todos os anos são
os mesmos problemas,
atoleiros, carros parados,
pontes caídas... De fato,
uma situação
desanimadora”, descreve
Laércio Hubner, do
Sindicato Rural de
Juruena.
administração das
máquinas para a empresa
Trimec. “Aqui no
consórcio só chega
equipamento quebrado.
Da última vez que era pra
termos realizado serviços
de recuperação de
estradas aqui na região
de Pontal (do Araguaia),
a retroescavadeira deu
problema com oito dias
de serviço. Mandamos
para Cuiabá a fim de
solucionar o defeito e de
lá não voltou mais. Enfim,
acho que este ano não
vamos mais receber
qualquer tipo de serviço,
pois os demais municípios
também precisam utilizar
os maquinários”.
O prefeito de
Campo Verde e
presidente do Consórcio
da região Sul, Dimorvan
Brescancim, diz não
saber por que motivo as
máquinas saíram da
guarda dos consórcios.
“Quando vamos realizar
os serviços é necessário
se adequar a um
planejamento feito pelo
Estado”, isto porque os
cerca de 10
equipamentos são
compartilhados entre os
11 municípios que fazem
parte deste consórcio.
IMPAS S E
A Secretaria de
Estado de Transporte e
Pavimentação Urbana
(Setpu) alega que os
equipamentos estão em
posse dos municípios.
Os presidentes dos
consórcios municipais,
por sua vez, dizem que
a administração dos
maquinários foi t irada
de sua
responsabi l idade.
Levantamento da Acrimat
comprova precariedade
Um levantamento realizado pela Associação dos
Criadores de Mato Grosso (Acrimat), e que será
divulgado no dia 3 de julho, deve comprovar as
péssimas condições de diversos trechos, alguns
fundamentais para o escoamento da produção. Os
dados que apontam as condições precárias das estradas
foram levantados durante o “Acrimat Em Ação” que
percorreu os 30 municípios de maior rebanho de corte do
Estado. “O resultado final será apresentado em 3 de
julho”, informa o superintendente da associação, Luciano
Vacari, antecipando que, de posse do relatório, vai
cobrar ações enérgicas do Governo do Estado para
reverter o quadro.
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