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CUIABÁ, 6 A 12 DE OUTUBRO DE 2011
SEGURANÇA P G 4
www.circuitomt.com.br
CRIMINALIDADE Violência atinge índice insuportável
Relatório da Polícia Civil indica crescimento do número de casos de crimes contra a vida e o patrimônio. Instituto classifica Cuiabá como a 12ª mais violenta do Brasil. Por Adrianne Brandy. Fotos: Mary Juruna
Cuiabanos estão em pânico. A violência na capital nunca foi tão comentada e os criminosos nunca tão ousados. Situação que reafirma o título de Cuiabá como 12ª mais violenta do País na pesquisa deste ano, realizada pelo Instituto Sangari.
Em agosto, por exemplo, a Galeria Itália Center, na região do Coxipó, foi transformada em um cenário de ‘bang-bang’. O local sediou uma tentativa de assalto que resultou em tragédia. Há algumas semanas, um roubo seguido de morte (latrocínio) vitimou o empresário Índio Brasil Ferreira Araújo, no bairro Jardim Cuiabá, que, ao tentar evitar o roubo do Pet Shop de propriedade sua filha, foi alvejado pelos assaltantes.
Embora a frequência de homicídios na capital tenha dado uma ‘freada’ nos últimos anos, do ano passado até agora a Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (PJC/MT) registrou aumento. No relatório de 2010, foram 129 homicídios, enquanto que, neste ano até o mês passado, a quantidade desse crime saltou para 146 casos. Em julho e
‘Saidinhas de Bancos’ ou ‘Novo Cangaço’?
Assaltos a bancos há quatro anos eram coisas de cinema em Cuiabá. Nessa época, raras foram as vezes em que a população presenciou esse tipo de delito. Hoje em dia, o crime ficou comum e agora já existe um novo termo que denomina essa modalidade: ‘Novo Cangaço’.
Neste momento, os alvos dos bandidos estão sendo as unidades do interior do estado. De acordo com a estatística do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso – SEEB-MT, 24 agências já sofreram esse tipo de assalto. Quando não ameaçados dentro da agência, clientes são perseguidos fora e as ‘saidinhas de banco’ têm ajudado a polícia a engrossar a lista de roubos e, às vezes, latrocínios. O presidente do SEEB-MT, Arilson da Silva, tem lutado por mais segurança. Ele diz que os bancários e a população sentem-se coagidos. “Esperamos que o plano de ação tática
do Estado seja aplicado
imediatamente para que mais pessoas não sejam vítimas. E está mais do que na hora de os bancos fazerem sua parte com investimento em segurança bancária como, por exemplo, instalação de vidros blindados nas fachadas, biombos, portas giratórias e câmara dentro e fora do prédio para identificar os ladrões. O investimento em segurança bancária é urgente”, declarou. O vice-presidente para Assuntos Jurídicos e Institucionais da Federação Nacional das Empresas de Segurança Pública e Transporte de Valores (Fenavist), Salmen Ghazale, afirma que a onda de ataques a banco é comum em todo o País.
Entretanto, ele pontua que as quadrilhas estão cada vez mais especializadas e trabalham com equipamentos modernos e pesados e a única saída dos bancos é reforçar a contratação da Segurança Privada.
Caso Toni: Mais uma morte desnecessária
É também nos locais de lazer que a violência tem se instalado. Depois da Galeria Itália, no último dia 22 foi a vez de o estudante Toni Bernardo da Silva, 27, ser assassinado. Dessa vez, por um empresário e dois policiais, respectivamente, Sérgio Marcelo Silva da Costa e Higor Marcel Mendes Montenegro e Wesley Fagundes Pereira.. O estudante de Letras-Francês, Hernane Ernesto Dias, proveniente da Guiné-Bissau, amigo de Toni, falou ao Circuito Mato Grosso sobre o caso. Alternando entre revolta e tristeza, o acadêmico rememorou momentos de alegria em que esteve em companhia de seu amigo e conterrâneo. Ele declarou que a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) pouco apoia os estudantes do Programa de Estudantes-Convênio de
Graduação (PEC-G), destinado a países em desenvolvimento. O argumento é refutado pelo assessor de Relações Internacionais da universidade, professor Paulo Teixeira, que lista uma série de benefícios que a instituição oferece e reitera: “Não recebemos o estudante. Nós o acolhemos”.
Teixeira explica que ao assinar o acordo, ou seja, o PEC-G, os familiares se responsabilizam pela manutenção financeira do futuro acadêmico. Contudo, após o primeiro ano de ensino, eles podem pedir bolsa do governo federal, que equivale a um salário mínimo. O professor vai mais além e conta a assistência se inicia no aeroporto, quando os membros da universidade recebem o estrangeiro. A procura por uma moradia provisória, para os primeiros dias ou meses, também é feita, assim como o acompanhamento do estudante à PF e a uma agência bancária.
Porém, todos esses ‘afazeres’ foram desmentidos por Dias. Indignado com a declaração de Teixeira, o africano diz que tudo não passa de mentiras, acrescentando que nunca recebeu esse tratamento e poucas vezes esteve frente a frente da reitora e até mesmo do professor na esperança de ser beneficiado com esses tipos de assistências, divulgadas pela instituição. Na segunda-feira (3), a professora e socióloga Janaína Pereira Monteiro, que presenciou a violência, expôs detalhes da experiência, onde afirmou que Toni não teve chance alguma de se defender. Ao chegar ao local, o estudante já estava sendo espancado, de bruços e com as mãos para trás, e mesmo sob protestos, ameaças e pedidos da professora, os dois policiais não deram trégua. “Eles batiam e gritavam: Sabe por que você está apanhando? Por que você é bandido!”. Ela frisa que as esposas dos policiais legitimaram toda a brutalidade.
Matéria completa sobre o caso Toni Bernardo pode ser lida no site do Circuito Mato Grosso (www.circuitomt.com.br).
O caminho das pedras
O local, o tipo de crime, a quantidade de ocorrências, bem como os horários em que elas acontecem. Todos esses dados estão sendo monitorados pela PJC desde o começo do ano. O trabalho é supervisionado pelo comandante do Comando Regional 01, coronel Zaqueu Barbosa.
Dessa forma, a polícia tem conseguido diminuir os focos de marginal idade na
capital, que, conforme ele, na maioria das vezes, estão ligados a entorpecentes, roubos e furtos. “Direcionamos nossas equipes conforme as indicações desse mapeamento. Por esse motivo, é muito importante que a sociedade registre Boletim de Ocorrência para podermos agir com mais eficiência. Com esse registro, os dados estatísticos ficam mais próximos da real idade”, justifica.
Conforme o Sindicato dos Bancários do Estado, nos úl t imos meses, 24 agências sofreram assal tos
agosto do ano passado foram 35 homicídios, contra 24 realizados este ano, nos mesmos meses citados. Em se tratando especificamente de latrocínio, dados da PJC revelam que houve nove casos, quatro a mais que os registrados em 2010. Os crimes contra o patrimônio acontecem em um ritmo mais acelerado. Em 2010, a polícia contabilizou um total de 3.466 roubos e, neste ano, até o fim de agosto, o órgão informou que houve um total de 3.980 registros. No ultimo mês, foram 517 casos, 86 a mais que no mesmo período de 2010. O coordenador do Núcleo Interinstitucional de Estudo da Violência e
Cidadania (NIEVCI), Naldson Ramos da Costa, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), frisa que tais dados, muita vezes, não correspondem à realidade, uma vez que nem todas as ocorrências são registradas na polícia pelos cidadãos. “Para todo corpo estendido no chão existe um registro; quanto ao roubo e furto nem sempre há um registro”, lembra.
Por conta disso, o coordenador prefere trabalhar com estatísticas de homicídios que proporcionam um quadro de violência, segundo ele, mais confiável. Em mais de dez anos de pesquisa em Cuiabá, Costa assegura que a taxa de homicídios é
bastante elevada se comparada ao restante do País. “Em Cuiabá, são 37 homicídios por cem mil habitantes. Enquanto que a média nacional é de 24 homicídios por cem mil habitantes”, explica. A rotina dos cuiabanos também foi transformada com a onda de violência e assaltos a instituições financeiras, caixas eletrônicos e empresas, dentre outros locais. Essa ‘tendência’ deu mais visibilidade a esses tipos de delitos, o que explica como a percepção sobre segurança pública da maioria da sociedade foi alterada, conforme Santos. É que agora todos os cidadãos estão mais preocupados, mas a questão é que o grau elevado de criminalidade na capital sempre existiu na versão do coordenador. “Em 2002, a quantidade de crimes era o dobro do que temos hoje”, revela. Ele argumenta que, embora haja controvérsias, políticas, projetos e ações implementados no estado, como controle de fronteira, lei do desarmamento, desmantelamento de quadrilhas e também a adoção da famosa lei Maria da Penha,
contribuíram positivamente
para que, ao longo desses anos, a queda da criminalidade fosse alcançada e, diferente do que muitos imaginam, a crise na segurança pública não reside somente na quantia aplicada na pasta. Saber como usar o recurso é essencial. Costa diz que a polícia deve intensificar ações na prevenção, investigação e inteligência, sobretudo planejar e buscar resultados.
Em agosto, foram 517 casos de roubos, 86 a mais que no mesmo período de 2010
O coordenador já elaborou um relatório, baseado em pesquisas, sobre como a população enxerga a segurança pública em Mato Grosso, que será divulgado nos próximos meses, e adianta que uma das conclusões é de que a sociedade não crê nas ações dos responsáveis pelo setor. “Pode-se dizer que esse documento tem dados interessantes”, provoca.
Professor Naldson Costa, coordenador do Núcleo de Pesquisa sobre a Violência na UFMT, revela que taxa de homicídios de Cuiabá é bastante elevada se comparada ao restante do País
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