CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 11 A 18 DE JUNHO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 7
www.circuitomt.com.br
Anna é doutora em
História, etnógrafa e filatelista.
cultura@circuitomt.com.br
TERRA BRASILIS
Por Anna Maria Ribeiro Costa
CEM
THINKANDTALK
Por Laura Santiago
Laura é diretora da Yes!Cuiabá
e apaixonada pelo
MickeyMouse ...”
cultura@circuitomt.com.br
I CAN’TAFFORD TO
Amauri Lobo é
artista, jornalista e
sociólogo.
Vive a vida intensamente.
cultura@circuitomt.com.br
8
Por Amauri Lobo
INFINIT
NÓS CULTURAIS. NÓSMORAIS
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clóvis Mattos
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
cultura@circuitomt.com.br
SENTOPEIADE NEON
Para dizer
não posso me dar
ao luxo
em inglês, use a expressão
I can’t afford to
.
Veja os exemplos
para aprender como usar essa
expressão.
Unfortunately, I can’t afford to
buy organic vegetables and fruits.
(Infelizmente, eu não posso me ao
luxo de comprar frutas e vegetais
orgânicos.)
My pet is sick and I can’t
afford to go to the vet. (Meu animal
de estimação está doente e eu não
posso me dar ao luxo de levá-lo ao
veterinário.)
Now that I’m unemployed I
can’t afford to travel on vacation.
(Agora que estou desempregado
não posso me dar ao luxo de viajar
nas férias.)
I can’t afford to
se encaixa
bem na hora de dizer
não posso me
dar ao luxo
em inglês.Agora
vamos checar o significado de
“afford”
, continue lendo.Apalavra
“afford”
tem alguns significados,
mas no caso visto aqui, ela significa
“pagar”, “arcar”. Também pode ser
traduzido por “ter dinheiro o
bastante/suficiente”. Seguem alguns
exemplos.
We were too poor to afford a
doctor. (Nós éramos pobres demais
para pagar ummédico.)
Can we afford a trip to Europe
this year? (A gente dá conta de
viajar para a Europa este ano?)
We can’t afford to send our
children to college. (Não temos
grana o bastante para mandarmos
nossos filhos para a faculdade.)
No entanto, a ideia de
não se
dar ao luxo
em inglês não se
restringe apenas a quando a
situação envolve dinheiro. Ou seja,
podemos usá-la também para nos
referirmos a outras coisas.
You’re the person I can’t
afford to lose. (Você é a pessoa que
não posso me dar ao luxo de
perder.)
We can’t afford to waste any
more time. (Não podemos nos dar
ao luxo de perder mais tempo.)
Por fim, saiba que às vezes
podemos ler ou ouvir algo como
“can’t afford the luxury of”:
I’m so busy, I can rarely
afford the luxury of a restful
weekend. (Sou tão ocupado que
raramente me dou ao luxo de tirar
um fim de semana de folga.)
The company now can afford
the luxury of hiring qualified
professionals. (A empresa agora
pode se dar ao luxo de contratar
profissionais qualificados.)
Tempo, tempo, tempo,
tempo. És um senhor tão bonito,
compositor de destinos, tambor
de todos os ritmos
. Eis o Terra
Brasilis em seu centésimo
número! E a música-oração ao
tempo, de Velô, vem para
sonorizar a celebração. E o que
se quer comemorar com a
centésima matéria? O
tambor de
todos os ritmos
que soa no Brasil
de todas as vozes. O Brasil no
plural! O Brasil das 817.963
pessoas que se declararam
indígenas no censo de 2010.
Números? Quais seus
significados? Cada cultura tem
seus motivos para contar. O
povo indígena Nambiquara, por
exemplo, antes do contato com
os membros da sociedade não
índia, só conhecia três números:
kanakanasã
(um),
hali
(dois) e
halikanakanasã
(três). Se
precisasse quantificar mais do
que três, usava a palavra
wikinton
(muitos). Conta-se o
que têm, o que possui, o que
precisa. Até bem pouco tempo,
era eminentemente um povo com
pouquíssimos bens materiais e,
de conformidade com sua
cultura, do que necessitava cabia
dentro de seus cestos-
cargueiros, nada mais. E essa
característica representava-se
em sua etnomatemática.
Hoje, é visível nas aldeias a
presença de objetos
industrializados, o que contribui
para o acúmulo de bens
materiais outrora não vistos
entre seus pertences. A
efervescência do consumismo
chega às aldeias. A
etnomatemática Nambiquara
cede seu lugar à infinidade
numérica. Mas, ao meio da
vontade de tudo quantificar
prevalece a celebração da
vontade de felicidade. E
felicidade para um Nambiquara
não tem nada a ver com
números: é estar alegre, cercado
da família; é ter roça grande,
não para o exercício do
excedente comercializável, mas
para ofertar aos visitantes.
O número cem de Terra
Brasilis quer celebrar as cores
do relativismo cultural que
colorem o Brasil com a aquarela
de Ari Barroso. E, é claro,
celebrar seus leitores! Tim-tim!
Autor: Edival Lourenço
Editora: R&F
O premiado livro do escritor goiano,
nascido em Iporá, e cronista do
POPULAR ganha nova edição. De forma
irônica e bem-humorada, a obra faz uma
crítica à sociedade contemporânea, por
meio das peripécias do personagem
central da trama, o cínico e amoral
Sindrake.
“Este romance traz à tona uma
exposição profunda e crítica da realidade
brasileira contemporânea. Edival
Lourenço penetrou com rara habilidade
nos interstícios da nossa história atual,
como seu hábil conhecedor e hauriu dela
a temática essencial de seu romance,
andando por entre os fatos com extrema
desenvoltura, revelando-se um profundo
pensador que escreve premido pela
urgência de transmitir-nos a sua correta
compreensão dos relevantes problemas
sociais que desumanizam o homem,
neste século. Trabalhou em seguida com
invulgar pertinência o material histórico e
social que lhe serviu de base, trazendo-o
sempre ao leitor com uma fina ironia e
com perspicaz humor.”
“Me lembro como se fosse hoje.
Engraçado. Minha mãe depois que foi
alcançada de forma irremediável pela
decrepitude sempre começava assim as
suas histórias “me lembro de você como
se fosse hoje” e só eu tinha paciência
para ouvir perpetuamente a velhinha. Por
isso, acho, em seus últimos dias ela me
fez comovente confidência “você é meu
filho predileto”. Mas estava tão
carcomida e esclerosada a coitadinha que
tenho cá minhas dúvidas se ela sabia que
falava realmente comigo. Ou ela terá dito
isso a todos os filhos? Não duvido. Acho
que puxei a minha mãe. Edival Lourenço
Estamos em 2014,
certo? Estamos na parte
ocidental da Terra,
certo? Vivemos na
América colonizada
pelos europeus, certo?
Então, nossa cul tura é
greco-romana. E mossa
moral é judaico-cristã.
Esta é uma descrição
possível de nós
brasileiros e brasileiras.
Há milênios, vivem
por estas terras os
habitantes indígenas,
com sua cul tura
diversificada e moral
muito peculiar. Mas, em
tempos de capitalismo,
quem comanda mesmo
são os detentores do
poder político e
econômico. Os ricos e
poderosos, como se
diz. Assim, formamos a
maior nação cristã do
planeta, por causa da
religião originalmente
trazida pelas caravelas
para cá, a Catól ica
Apostólica Romana.
Depois disso, tudo é
consequência.
Você percebeu que
a igreja citada acima
tem a palavra “romana”
no nome? Pois é por
isso mesmo que nossa
moral e nossa cul tura
encontram
denominadores comuns:
Roma. Quando o
Império Romano
dominou toda a Europa,
o Norte da África e o
Oriente Médio,
apoderou-se,
intencionalmente, do
que pôde da cul tura
grega. Não era sua
intenção, mas trouxe
consigo também o
cristianismo.
Quando o império
ruiu, quem ficou
instalada em sua capital
foi exatamente a Igreja
Católica que, a partir
daí , tornou-se o maior
centro de poder europeu.
Após a Idade Média, já
no Renascimento, foi sua
moral e sua cul tura que
vieram embarcadas para
cá.
Então, praticamos
monogamia, brincamos
carnaval, comemos peixe
na Semana Santa,
concebemos um Deus
único se não somos
ateus, descansamos no
domingo e pegamos no
batente na segunda-feira.
Esses são os nossos nós
culturais e morais.
Somos nós.
Complexidade cotidiana.