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PANORAMA
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CUIABÁ, 15 A 21 DE MAIO DE 2014
www.circuitomt.com.br
MADEIRA
Área de extração encolhe até 5%
Empresas esbarram na burocracia e processos arcaicos de monitoramento e liberação de projetos de manejo florestal
Diego Frederici
Com diversas
aplicações no mercado, a
madeira nativa é um tipo
de matéria-prima cuja
extração e
comercialização se difere
de outras commodities,
tendo em vista sua
relação com fatores
ambientais e sociais,
sobretudo de
comunidades que
dependem desse bem para
sua sobrevivência. Por
isso, contém regras
específicas.
No entanto,
problemas na dinâmica
deste tipo de negócio,
como a burocracia e a
utilização de processos
ultrapassados de
monitoramento e
liberação de projetos de
manejo, fazem com que a
área diminua de 3% a 5%
nos últimos anos.
A informação é do
diretor executivo do
Centro das Indústrias
Produtoras e
Exportadoras de Madeira
do Estado de Mato
Grosso (Cipem), Álvaro
Leite.
De acordo com ele, o
discurso de agressão à
natureza deve ser feito
com lisura, pois as
empresas e empresários
que tem em seus
negócios a extração de
madeira de nativa, por
meio de manejo,
“protegem a natureza”.
Ele afirma também que os
processos lentos de
liberação de extração, por
parte da Secretaria de
Estado de Meio Ambiente
(Sema), não são os
únicos motivos de receio
dos investidores da área.
As próprias
características do
negócio, segundo ele,
ajudam a explicar a
retração da atividade em
épocas recentes.
“É necessário haver
digitalização dos
processos na Sema para
acabar com a
burocratização. Outros
fatores, como escassez de
mão de obra e matéria-
prima distante das
indústrias tornam este
mercado extremamente
competitivo”, diz.
De acordo com o
estudo
Acertando o Alvo
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, do Instituto de Manejo
e Certificação Florestal e
Agrícola (Imaflora), o
Brasil, com 6,3 milhões
de hectares, é o sexto
país em termos de área
certificada, isto é, que
possui a certificação
Forest Stewardship
Council (FSC)
, solução
cunhada após a Rio-1992
como alternativa que
concilia interesses
socioambientais e
econômicos, em uma
estrutura transparente de
monitoramento e de
governança de práticas
produtivas florestais.
Mesmo tendo uma
posição privilegiada em
relação à geografia e seu
próprio ecossistema, que
possui parte da floresta
amazônica, Mato Grosso
tinha até 2012 apenas uma
floresta e uma indústria
certificada pelo
FSC.
Para Álvaro, o
caminho a ser seguido
para expansão dos
negócios é o da
informatização do sistema
de monitoramento de
extração de madeira. De
acordo com ele, com o
atual nível de tecnologia
presente nos órgãos
estaduais “nem vinte
Semas dariam conta de
armazenar todos os papéis
gerados pelos processos
de manejo”.
Dados da própria
Sema-MT apontam que
65,1% dos produtos de
origem florestal vão para
outros Estados e 24,65%
são consumidos dentro de
Mato Grosso.
Para o representante
do Cipem, no entanto,
esses números poderiam
ser maiores e ele se
queixa da demora para
obtenção das licenças de
manejo.
“A questão das
licenças hoje é sofrível.
Um processo que deveria
levar 90 ou 120 dias, em
alguns casos leva até dois
anos”, lamenta.
Fotos: Divulgação
Burocracia e processos ultrapassados de monitoramento seriam
principais motivos da redução da área de extração
Álvaro Leite, diretor executivo do Cipem, critica a
morosidade na liberação dos laudos