CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 24 A 30 DE ABRIL DE 2014
OPINIÃO
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ENTRE ASPAS
EDITORIAL
MT ISOLADO
#BOMBOUNAREDE
BARRANCO
Prejuízo com falha
sobe para R$ 5 milhões
Além de reconhecer gasto de R$ 2 milhões para conter deslizamento,
Estado vai desembolsar R$ 3 milhões com indenizações
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Persio Domingos Briante
CIRCUITOMATOGROSSO
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Editor de Arte:
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Revisão:
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Reportagem:
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REPRESENTANTE COMERCIAL
MEDIA OPPORTUNITIES LTDA
Sandra Carvalho e
Camila Ribeiro
Além de ter que gastar
R$ 2 milhões dos cofres
públicos para corrigir a falha
no corte da encosta do
morro ao lado do viaduto do
Despraiado, a Secretaria
Extraordinária da Copa 2014
(Secopa) vai ter de
desembolsar mais cerca de
R$ 3milhões para indenizar
proprietários de 10 imóveis
que correm risco de
desabamento.
As obras de contenção
domorro localizado ao lado
do viaduto do Despraiado e
que integra o rol de obras
anunciadas pelo Governo do
Estado com vistas à Copa
2014, deverão custar ao
menos R$ 2 milhões aos
cofres públicos, de acordo
com a própria Secretaria
Extraordinária da Copa 2014
(Secopa). E quem vai arcar
com esse custo será o
próprio cidadão contribuinte.
Durante a edificação do
viaduto, cujo custo foi de R$
18,9 milhões, as empreiteiras
responsáveis pela obra
fizeram um corte no
barranco sem que houvesse
planejado a construção de
ummuro de arrimo no local
para evitar deslizamentos. O
corte, no entanto, devido à
encosta íngreme, livre de
vegetação, abriu a
possibilidade de
deslizamentos de terra, o que
vemocorrendo diariamente
por conta do longo período
chuvoso.
O erro foi denunciado
comexclusividade pelo
CircuitoMatoGrosso
em
setembro do ano passado. À
época, Mário Cavalcanti de
Albuquerque, geólogo do
ConselhoRegional de
Engenharia eAgronomia
(Crea-MT), fez uma visita ao
local a pedido da reportagem
e constatou que “haviam
mexido em uma caixa de
marimbondos”, tamanha a
gravidade do fato.
Dia 11 de abril, o
secretário da Copa, Maurício
Guimarães, falou sobre o
projeto que prevê a
construção de um
muro de contenção
no local. Ele alegou
que uma licitação
para escolha da
empresa que irá
executar os serviços,
cuja estimativa está
emR$ 2 milhões, já
se encontra em
curso.
“Nós já
desapropriamos,
vamos cortar o morro e
fazer em talude (cortes) para
diminuir a parede dele. A
terra e as placas ali são muito
sensíveis, não dá para fazer
qualquer outro tipo de
serviço que não seja diminuir
essa parede”, explicou o
secretário. Ainda de acordo
comGuimarães, a
construção de ummuro de
arrimo, conforme foi
ventilado, foi descartada
porque tecnicamente a
“engenharia não permite”.
E apesar de o promotor
de Justiça doMinistério
Público do Estado (MPE),
Carlos Eduardo da Silva, ter
notificado dia 4 de abril a
Secopa para iniciar, num
prazo de 10 dias, as obras do
muro de contenção no
morro, não há nenhuma
movimentação de operários e
máquinas no local.
CONTO DO VIGÁRIO
VLT cuiabano nem
“pra inglês ver”
Sandra Carvalho
O propalado Veículo
Leve sobre Trilho (VLT) só
deve ficar pronto mesmo
em 2016, como previu o
engenheiro Luiz Miguel de
Miranda, especialista em
trânsito e transporte
urbano, membro do
Departamento de
Engenharia Civil da
Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT), na
edição 477 do
Circuito
Mato Grosso
, em fevereiro
passado. O próprio ministro
das Cidades, Gilberto
Occhi, confirmou em
vistoria à obra que não há
chances de o modal
funcionar em sistema de
teste durante a Copa 2014.
Ou seja, nem os ínfimos 5
km entre o Aeroporto
Marechal Rondon, em
Várzea Grande, e o bairro
do Porto, em Cuiabá,
prometidos pelo governador
Silval Barbosa (PMDB),
ficarão prontos até o
Mundial. Sem economizar
adjetivos para criticar a
opção pelo VLT em
detrimento do BRT, o
professor Luiz Miguel de
Miranda critica a opção do
Governo do Estado de Mato
Grosso na escolha do
Fotos: Mary Juruna
Empreiteiras já estão fazendo maquiagem nas proximidades do
Aeroporto Marechal Rondon, em Várzea Grande
modal. “Cuiabá não tem
demanda pra o VLT, já o
BRT nos atenderia por mais
de 30 anos. Nós não temos
sequer condições
energéticas para fazer o
VLT funcionar e, é claro,
ninguém pensou nisso antes
de gastar milhões com a
escolha, que para mim foi
um cinismo dos gestores”,
desabafa.
Apesar de o modal
escolhido pelo governo ser
mais tecnológico, silencioso
e confortável, ele não é
viável. Quatro motivos
principais embasam a teoria
do especialista. Em
primeiro lugar ele explica
que a Capital não tem
demanda para tal transporte
– a mobilidade urbana é
pensada em escala de
necessidade e, sendo assim,
uma cidade começa pelo
ônibus comum, passa para
o BRT (ônibus articulado),
VLT, metrô e por fim trem
suburbano.
Caso houvesse a
implantação do BRT, ao
invés de contemplar 22
km com o transporte
alternativo, seriam 40 km
de BRT expansível, que
também poderia ser
estendido às outras rotas
subjacentes. Em segundo
lugar está a viabilidade
econômica: ao invés do
investimento de R$ 1,5
bilhão no VLT, o BRT
seria implantado sem
custo para os cofres
públicos, já que os ônibus,
articulados ou não, são
feitos através da iniciativa
privada, ou seja, uma
economia de 100%. Outro
detalhe importante:
diferentemente do VLT, o
BRT já tinha um projeto
técnico.
Em terceiro lugar, o
custo operacional do
modal, que mais uma vez
esbarra nos valores,
primeiramente para o povo.
“É totalmente mentiroso
afirmar para a população
que o valor da passagem
será semelhante à do
coletivo. É pensar que o
povo é analfabeto e sem
noção.
Não há como o custo
ser o mesmo. E dizer que
terá subsídio da passagem é
balela. Para ter um subsídio
é necessário um plano de
governo, não para um mês
e sim para 10, 20 ou 30
anos. Você acha que um
governo que está a cerca de
nove meses para terminar
vai fazer este projeto? Não
vai”, afirma Miranda.
“Não vejo grandes
problemas, mas tenho a
garantia de que até o dia 5 de
maio teremos a Arena pronta,
com as cadeiras instaladas
em sua totalidade.”
Secretário-geral da Fifa, Jérôme
Valcke, durante última visita de
inspeção da entidade à Arena Pantanal.
“Podem pegar os últimos 40 anos,
fazer um levantamento no Inpe e
vocês verão que nunca choveu tanto
como neste ano.”
Governador Silval Barbosa (PMDB),
ao atribuir às chuvas o atraso no
andamento das obras da Copa.
“Pelo que vi, a drenagem é
fantástica. Gramado é ‘padrão Fifa’.”
Ex-jogador de futebol e membro do
Comitê Organizador Local (COL) da
Copa, Ronaldo, sobre gramado da
Arena Pantanal.
“Se me ameaçar, aí é que o pau vai
comer. Quanto mais ameaça, mais o
pau come.”
Vereador Toninho de Souza (PSD), alvo
de uma representação no PSD movida por
João Emanuel (PSD), que pede sua
expulsão do partido e posterior perda de
mandato.
“Eu não vou ‘amarelar’ para querer ser governador do
Estado de Mato Grosso. Eu estou buscando a verdade da
Petrobras e não mudo minha atuação por nada.”
Senador Pedro Taques (PDT), ao informar que continuará
insistindo na instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Petrobras, no Congresso Nacional.
Chamou atenção nas redes sociais
uma fotomontagem que mostra dois
momentos de duas obras em
Cuiabá: a Arena Pantanal e o
Hospital Central da cidade. Se de
um lado o antigo Verdão se
transformou num grande e
moderno estádio, no outro, o
cenário é de abandono em uma
obra paralisada há 30 anos. Frases
como “Uma questão de prioridade”
ironizavam os comentários da foto.
O que seria um dos grandes legados do
Governo Silval Barbosa, o programa MT
Integrado ainda está muito longe de ser
concluído. Apenas uma obra foi inaugurada
até agora, o que representa somente 22 dos
2 mil km de asfalto prometidos. A lentidão
das obras desanima até os mais
esperançosos cidadãos mato-grossenses
que todos os anos vivem praticamente seis
meses no isolamento. E muito
provavelmente já estão depositando o resto
de esperança no próximo governador para se
integrarem com dignidade ao restante do
Estado. Outra grande promessa foi a
implantação do Veículo Leve sobre Trilhos
até a Copa 2014. Como já previam os
“profetas do caos” – denominação criada
por Silval Barbosa para definir aqueles que
duvidaram de sua promessa –, nem os
trilhos do modal serão instalados até o
Mundial. O que se espera é que trilhos e
vagões não virem escombros no entorno do
aeroporto em Várzea Grande. E que o tão
falado legado não se resuma à Arena
Pantanal e a três viadutos. Afinal, recursos
foram canalizados, empréstimos foram
contraídos e o povo espera muito mais do
que isso. Lembrando que a cada promessa
não cumprida, menos credibilidade tem a
gestão pública estadual diante da população.
Afinal, prometer e não cumprir é pior do
que mentir.