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CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 1 A 7 DE NOVEMBRO DE 2012
CAPA
P
G
8
COPA 2014
Transtornos são inevitáveis e devem aumentar nos próximos meses, mas perspectivas futuras são das melhores.
Por Darwin Júnior. Fotos Pedro Alves e Mary Juruna
À frente do projeto da
preparação das obras da
Copa do Mundo em
Cuiabá, o secretário da
Secretaria Extraordinária
da Copa do Mundo
(
Secopa), Maurício
Guimarães, transformou-
se em um dos homens
poderoso do Governo,
com o desafio de conduzir
grandes obras e cujo grau
de dificuldade vai
aumentando à medida
que elas vão avançando.
No momento em que a
interdição da Avenida
Fernando Corrêa da
Costa, no Coxipó,
acontece e amplia a
situação de caos no
trânsito, o secretário deixa
claro que os transtornos
estão apenas começando.
A população deve se
preparar para o que vem
por aí”. Maurício, em
entrevista exclusiva ao
Circuito Mato
Grosso
,
falou dos
gargalos da Copa, como
a falta de mão de obra
para as obras da
mobilidade urbana que
originou um ‘apagão’
sistemático e que precisa
ser contido. Ele afirma
que, com todos os
problemas, Mato Grosso
está executando seus
projetos e caminha para a
concretização de um
sonho que parecia
impossível. “Estamos nos
superando”, garante.
Sem papas na língua,
Maurício conclamou a
sociedade a ajudar na
fiscalização das obras.
Precisamos ficar atentos
às falhas e fazer os ajustes
durante a execução das
obras. Porque depois que
já está feito, já foi”.
Circuito MT: Como
está hoje o
cronograma das obras
da Copa?
Maur í c i o
Guimarães
:
Está tudo
dentro do previsto. Nós
temos algumas obras com
o cronograma mais
ajustado. Outras tiveram
que passar por um
realinhamento. Mas todas
as obras estão previstas
para serem entregues
antes do evento. Não
teremos nenhuma obra
pronta após a Copa.
Todas serão finalizadas
em tempo, inclusive o VLT
que deve ser entregue no
primeiro trimestre de
2014.
Circuito: Houve
uma interdição da
Avenida Fernando
Corrêa para obras do
VLT, o que causou
fortes transtornos na
região do Coxipó. O
senhor não teme um
colapso no trânsito?
Maurício
:
vínhamos conversando
com a sociedade há
algum tempo sobre o
volume dessas obras e o
impacto delas na vida
das pessoas durante o
trabalho. Conversamos
com os comerciantes da
região a respeito da
necessidade de fazer o
fechamento de um lado
da pista. Surgiram
congestionamentos
porque as pessoas ainda
buscam rotas alternativas
e ficaram confusas. Foi
um impacto necessário. As
pessoas estão sendo
orientadas e irão
encontrar meios para
fugir desses
congestionamentos.
Circuito: Houve
planejamento para
evitar uma situação de
caos no trânsito?
Maurício
:
Planejamento sempre
houve. Estamos fazendo
de forma organizada e
alternada. Infelizmente
não há como fazer essas
obras sem impactar.
Temos procurado informar
e divulgar sobre como
evitar maiores
transtornos. Infelizmente,
esse impacto vai
aumentar. Vamos
aumentar as frentes de
trabalho e as dificuldades
serão maiores. A
sociedade deve estar
preparada para o que
vem por aí.
É um
processo que já
começamos e do qual
todos estavam cientes. A
população deverá
redobrar a paciência.
Circuito: E o que
mais vem por aí que
pode complicar ainda
mais o trânsito?
Maurício
:
Já estamos
com pedido de desvio de
trânsito e rotas alternativas
como a MT-040, na
entrada do Parque
Cuiabá e na XV de
Novembro. Já está
tramitando na SMTU todo
o projeto de rotas
alternativas dessas vias.
Quando for aprovado,
daremos início a novas
obras. Também já está
tramitando o projeto do
viaduto da
Sefaz. Portanto, são três
obras que devem ter início
ainda este mês. Se fala
em colapso, mas Cuiabá
já vivia essa situação antes
mesmo do início das
obras. É um transtorno
temporário que trará
muitas benfeitorias
permanentes para a
mobilidade.
Circuito: Quando e
por onde começam as
instalações de trilhos?
Maurício
:
As obras
que terão início na XV de
Novembro já são para a
instalação de trilhos. O
corredor será implantado
nos canteiros centrais e,
neste caso, como se trata
de uma obra mais
sistemática, haverá
diminuição de uma caixa
de tráfego, mas sem
interdição total como em
algumas obras de arte
que já estão em
andamento. O
lançamento de trilhos não
trará grande impacto para
o trânsito. No caso da
Avenida do CPA, por
exemplo, apenas um lado
da pista deve ser
interditado.
Circuito: Com
tantas obras em
andamento, não
haverá falta de mão
de obra?
Maurício
:
Já está
havendo falta de mão de
obra. Inclusive estamos
com um grande programa
em parceria com a
Secretaria Municipal de
Ação Social,
Superintendência Regional
do Trabalho e Sine.
Estamos fazendo mutirões
nos bairros, levando
oportunidade de trabalho
nas obras da Copa. Já
estamos recrutando gente
em Cuiabá e outros
municípios. A Secopa está
fazendo seu dever de
aproximação. Vamos
superar isso e essa
deficiência não será o
ingrediente que poderá
imputar atrasos às obras.
A Copa trouxe situações
com as obras executadas
pelo Governo com oferta
atual de 700
vagas. Também foi
criado na economia de
Cuiabá e Várzea Grande
um aquecimento na
demanda da iniciativa
privada. Isso originou o
que chamamos de
apagão’ de mão de
obra. Mas, estamos
trabalhando para corrigir
com estratégias, no
sentido de suprir essa
deficiência.
Circuito: A Arena
Pantanal foi referência
como uma das mais
adiantadas obras da
Copa, no começo.
Após dois anos de
obras, desacelerou. O
que houve?
Maurício
:
Na arena,
tivemos contratempo com
o BNDES, no meio do
processo. Mas isso já foi
superado. Essa
desaceleração teve seus
ingredientes. O principal
foi a decisão do Governo
do Estado de realinhar o
cronograma tendo em
vista que Cuiabá não vai
participar da Copa das
Confederações. Se
realmente fosse
necessário, correríamos
contra o tempo e a arena
ficaria um ano e meio
fechada. O novo
realinhamento prevê a
conclusão em outubro do
próximo ano, com tempo
de folga para testes. Não
houve relaxamento e, sim,
um realinhamento para
entregarmos a arena mais
próxima do evento.
Circuito: E a
construção dos Centros
de Treinamento?
Maurício
:
Nós temos
a obrigação contratual de
disponibilizar dois COTs
(
Centros Oficiais de
Treinamento) que é onde
as seleções fazem sua
aclimatação antes dos
jogos. Já está em
construção um, em Várzea
Grande, no Pari. Estamos
iniciando o processo
licitatório do segundo que
é o da UFMT. Ainda
receberemos o projeto do
terceiro, que pode ser
erguido em área de
treinamento dos
Bombeiros, no CPA. Este
caso ainda está em estudo
e não há nada definido.
Circuito: Melhoria
em aeroporto é
exigência direta da
Fifa para as sedes da
Copa, e por aqui
ainda não teve início a
obra da ampliação?
Maurício
:
Quando
recebemos incumbência
da Infraero para fazer a
licitação, tivemos
problemas de projeto. A
Infraero já tinha esses
problemas com a
projetista que contratou.
Iniciamos o processo
licitatório por duas vezes
e tivemos que suspender
em função do projeto.
Fizemos readequação
desse projeto, aprovada
pelo Tribunal de Contas
da União. Estamos agora
na fase final da licitação
aberta no dia 19.
Acredito que nos
próximos dias já
tenhamos publicado o
resultado do processo e
no máximo no dia 15 de
novembro já estejamos
emitindo a ordem de
serviço.
Ci r cu i to: Há ma i s
de um ano, a an t i ga
Agecopa l i c i t ou a
cons t r ução do
t e l e f é r i co de Chapada
dos Gu imarães , mas
at é hoj e es sa obra
não sa i u do pape l . . .
Maurício
:
Essa
licitação ocorreu em cima
de um projeto que não
estava adequado. Houve
cancelamento da
licitação. Agora estamos
redefinindo se vai haver
ou não teleférico. O fato
é que tudo que foi feito e
anunciado não se
concretizou em função de
problemas no projeto.
Consequentemente
tivemos que cancelar a
licitação devido a esses
ajustes. Hoje posso
afirmar que não sabemos
se vamos fazer o
teleférico.
Circuito: E a tão
d e c a n t a d a
r ev i t a l i zação do Por t o
com i ns t a l ação de
cen t ro t ur í s t i co,
shopp i ng popu l a r e
museu, foi um projeto
que se perdeu. O que
acon t e c eu?
Maurício:
T r a t a - s e
de um projeto muito
bonito e grandioso com
atenção voltada ao rio
Cuiabá. Infelizmente
hoje não temos
capacidade de fazer
isso. Estamos
formatando um grande
projeto junto ao BID
(
Banco Interamericano
de Desenvolvimento) que
formatará uma proposta
para a área portuária.
Isso poderá estar pronto
para a Copa e deverá
se transformar em um
dos maiores legados do
Mundial para Cuiabá.
Ci r cu i t o: Cu i abá
es tá mesmo no
cami nho pa r a um
acon t ec imen t o
i nesquec í ve l com a
r ea l i zação de s t a
Copa? Va i dar t udo
ce r t o? :
Maurício
:
Digo que
a considerar o nosso
Estado, neste rincão do
Centro-Oeste, sem
tradição de tocar projetos
dessa dimensão, afirmo
que estamos nos
superando. A população
de Cuiabá e Várzea
Grande e de Mato Grosso
vai se orgulhar daquilo
que o Estado está
preparando para este
evento. E tudo o que está
acontecendo em torno
deste evento está mudando
a vida das pessoas, como,
por exemplo, a
mobilidade urbana. Já
estamos contemplando o
surgimento de uma nova
cidade.
Ci r cu i to: A Copa
e s t á ge r ando
opo r t un i dade s pa r a a
s o c i e d a d e ?
Maurício
:
Sim. As
oportunidades geradas
pela Copa estão aí. De
uma forma ou outra, as
pessoas podem
participar. Estamos em
um momento ímpar. As
oportunidades não são
apenas para os grandes
empreendedores, mas
para toda a sociedade.
Com uma responsabilidade enorme nas mãos, o secretário Maurício
Guimarães garante que, passado o transtorno, surgirá uma nova cidade
Caos no trânsito está só começando