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CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 1 A 7 DE NOVEMBRO DE 2012
CULTURA EM CIRCUITO
PG 8
MARIGHELLA - O GUERRILHEIRO QUE INCENDIOU O MUNDO
IMUNOLOGISTA BRASILEIRO AVANÇA NA LUTA CONTRA A AIDS
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
A grande notícia dos últimos dias
sobre os avanços na cura da Aids foi
o desenvolvimento de uma vacina
com a combinação de cinco
anticorpos que conseguiu manter os
níveis do vírus da Aids (HIV-1) abaixo
dos detectáveis durante mais tempo
que os tratamentos atuais, informou a
revista
Nature
.
O estudo está sendo
feito pelo imunologista brasileiro Michel
Nussenzweig, membro da Academia
Americana de Ciências na
Universidade Rockefeller, em Nova
York.
O tratamento experimental é
composto por cinco potentes
anticorpos monoclonais,
idênticos entre si porque são
produzidos pelo mesmo tipo
de célula do sistema
imunológico, e foi administrado
em ratos “humanizados” – ou seja, que
dispõem de um sistema imunológico
idêntico ao humano, permitindo que
sejam infectados com o vírus HIV.
Estima-se que esta é uma fórmula
que poderia evitar a infecção de
novas células.
Nussenzweig observou que,
desde que foi iniciado o tratamento,
a carga viral tinha caído para níveis
abaixo dos detectáveis e assim se
mantiveram por até 60 dias após
o término do tratamento. Em
seguida, o cientista brasileiro
comparou resultados ao tratar
ratos com uma combinação
de três anticorpos
monoclonais e, também,
com um tratamento baseado
em um único anticorpo.
Ao tratar os roedores com
uma vacina com três anticorpos,
o HIV se manteve em níveis baixos até 40
dias após o fim do tratamento, enquanto
a monoterapia só permitiu que o vírus
não fosse detectado durante o tempo em
que o rato estava recebendo o
tratamento, cerca de duas semanas.
Na atualidade, o tratamento
antirretroviral em humanos consiste em
combinar pelo menos três drogas
antivirais para minimizar o surgimento de
vírus mutantes resistentes aos remédios.
No entanto, o HIV se armazena em uma
espécie de “depósito” ou reservatório
viral, o que faz com que a carga viral do
paciente se eleve quando o tratamento
farmacológico é interrompido, e o vírus
volta a aparecer depois de 21 dias.
Apesar dos resultados promissores de
Nussenzweig, ainda serão necessários
testes clínicos que permitam avaliar a
eficácia do tratamento em humanos e
medir os efeitos sobre a infecção em
longo prazo.
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clovis Mattos
Cuidado que o Marighella é
valente, disse Cecil Borer, diretor do
Dops do Rio, antes de despachar uma
equipe para capturá-lo em seguida ao
golpe de 64. Depois de nove anos de
apuração, chega às livrarias a
aguardada biografia de Marighella, o
guerrilheiro intrépido, bem-humorado e
sedutor. Seu autor é o premiado
jornalista Mário Magalhães, por muitos
anos repórter especial e ombudsman
da
Folha de S. Paulo
.
A narrativa percorre a vida, a obra
e a militância do controverso mulato
baiano que foi deputado federal,
poeta e estrategista da guerrilha no
Brasil. Passagens pela prisão,
resistência à tortura, assaltos a bancos
(
e a um trem pagador), tiroteios,
espionagem internacional, tudo é
apresentado em ritmo de thriller, com
revelações desconcertantes.
A biografia de Carlos Marighella
(1911-69)
é também um livro sobre a
história política entre as décadas de
1930
e 60. Por isso, figuras como Fidel
Castro, Getúlio Vargas, Carlos
Lamarca, João Goulart, Che Guevara,
Luiz Carlos Prestes, Carlos Lacerda e
Olga Benário aparecem como
coadjuvantes de luxo.
Vigiado pela CIA e monitorado
pelo KGB, Marighella conseguiu se
manter ativo ao longo de seus quase
40
anos de militância, mesmo quando
procurado internacionalmente. No
mundo inteiro, personalidades o
apoiaram, como Jean-Paul Sartre,
Glauber Rocha, Jean-Luc Godard,
Augusto Boal, Joan Miró e Luchino
Visconti. Em paralelo ao trabalho de
campo, Marighella publicou livros e
textos que se tornaram clássicos em
dezenas de idiomas, como o
Minimanual do Guerrilheiro Urbano
.
Au t o r : Má r i o
Maga l hãe s ,
Ed i t o r a : Companh i a
das Letras
Ca t ego r i a : Ci ênc i a s
Humanas e Sociais /
Política